Venha o Alegre

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Um monárquico é sempre suspeito mas é insuspeito quando se trata de eleger um Presidente da República. Apesar de nunca ter votado em eleições dessas, quis que Mário Soares ganhasse. E ele foi esplêndido. Como um rei.

Metia-se na política mais do que um rei. Mas foi bom. Hoje, é melhor ainda. Mário Soares é o mais perfeito diabinho que já tivemos. Está sempre a fazer merda, mas a merda acaba sempre por ser a solução de uma ainda pior prisão de ventre.

O PÚBLICO de anteontem contava como Manuel Alegre conta com o apoio do PS e da esquerda. Não obstante a distinção implícita entre o PS e a esquerda, sem maiúscula, Alegre quer ser eleito por todos os portugueses que não são de direita. Incluindo bastantes que são da esquerda séria e da direita tonta. Como bipolar de ambas as coisas, digo já que vou votar em Alegre. O apelido é bom, como a campanha de Eça e Ramalho. O homem é homem e poeta. Seria perfeito se fosse homossexual. Mas a parte que lhe falta para tal coisa é igualmente aceitável.

As minhas duas filhas votaram nele. Isto convence muito. Todos os monárquicos e fadistas que conheço gostam dos versos e das letras dele. O homem é irresistível.

Alegre é a prova viva que os dois mais sábios e inteligentes portugueses que conheço - o neurologista Alexandre Castro Caldas e o historiador Vasco Pulido Valente - só não escreveram letras lindas para a Amália porque a Amália e o Alain Oulman não fizeram o trabalho de casa.

Melhor do que isso não há.

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