Mais garagens para "boom de moradores"

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A SRU estima que a reabilitação na zona de Mouzinho da Silveira permita criar 2184 novos fogos paulo pimenta

Sociedade de Reabilitação Urbana acredita que casas com tipologias mais elevadas só serão atractivas se disponibilizarem aparcamento. Lugares disponíveis considerados insuficientes

Quando uma família procura casa, um dos aspectos que a podem levar a decidir se irá ou não comprar determinado apartamento é o facto de este ter estacionamento. Um levantamento realizado pela Porto Vivo - Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) mostra que, nos edifícios sem garagem, as tipologias maioritariamente licenciadas são as do tipo 0 (T0) e do tipo 1 (T1). Quando o prédio oferece estacionamento, o licenciamento de tipologias mais elevadas (T2, T3 e T4) chega aos 58 por cento. Um factor que pesou na aposta do parque subterrâneo em túnel, no eixo Mouzinho/Flores, conhecido como "cidade subterrânea".

Os dados estão compilados num documento elaborado pelo arquitecto Rui Losa, do conselho de administração da SRU. Na área de intervenção da Porto Vivo, as casas T0 e T1 constituem 82 por cento das tipologias licenciadas sem garagem, e este número baixa para os 42 por cento quando os edifícios oferecem estacionamento. "O estudo mostra que para atrair famílias é necessário ter garagem perto", sintetiza Ana Paula Delgado, da SRU.

Este dado, associado ao que a SRU considera ser uma oferta insuficiente de estacionamento na área de influência da "cidade subterrânea", levou a Porto Vivo a apostar na criação de um túnel, que comportará estacionamento no subsolo, desde o Largo de S. Domingos até à Rua das Taipas, passando pela Rua das Flores, Largo dos Lóios, Rua dos Caldeireiros e Rua de S. Bento da Vitória. O túnel deverá correr por baixo do edificado destas artérias, e não sob as ruas, não estando ainda definido se servirá também como via de circulação.

Ana Paula Delgado diz que a SRU espera "um boom" de novos moradores e que neste momento já é possível identificar "duas tendências" na reabilitação de edifícios no eixo Mouzinho/Flores. "Há uma dinâmica que começa a instalar-se e que acreditamos que se irá acentuar no próximo ano, de proprietários que reabilitam para viver e trabalhar no mesmo sítio e de alguns que vivem, trabalham e arrendam [o prédio reabilitado]", diz. A estimativa da SRU é que a reabilitação do edificado na área de influência da "cidade subterrânea" permita a criação de 2184 novos fogos.

Receios e vantagens

O projecto, que ainda se encontra em fase de estudos, foi apresentado, anteontem, ao executivo da Câmara do Porto e levantou diversas preocupações, aos vereadores do PS e da CDU, relacionadas com a segurança, preservação do património e custos. Na exposição que realizou, em Dezembro, durante um seminário promovido pela SRU, Rui Losa preferiu focar-se nas vantagens. O actual director da delegação do Porto do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana entende que a construção do túnel "é incomparavelmente menos destrutiva do património arquitectónico" do que outras soluções estudadas, além de ter "interferências muito reduzidas com níveis arqueológicos" e "não afecta[r] a solidez dos prédios situados nas suas proximidades".

O arquitecto explica ainda que o espaço no subsolo poderá ser desenhado "livremente, de acordo com as necessidades da superfície", "evoluir dos usos agora previstos para outros" e "ser acrescentado a qualquer momento". A construção do túnel deverá ser desenvolvida em três etapas, estando ainda em fase de estudos a primeira, entre o Largo de S. Domingos e parte da Rua das Flores. O valor global da obra, financiada pelo QREN, ronda os 39 milhões de euros.

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