Autor das esplanadas de Parada Leitão rebate críticas e insiste que são amovíveis

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Arquitecto procurou que as esplanadas fossem o mais possível transparentes Adriano Miranda

Rui Barros Silva admite que a estrutura dos "pavilhões" poderia ser mais graciosa, mas lembra que isso comportaria mais custos e que esta tem de responder ao peso e às intempéries

O arquitecto que desenhou o conjunto de esplanadas da Praça Parada Leitão, no Porto, Rui Barros Silva, respeita muitos dos que atacam a sua obra, mas lembra que é arquitecto de projectos realizáveis. "Não sou arquitecto de não projectos", diz. Por outro lado, reconhece: "As pessoas que criticam conquistaram credibilidade, não posso dizer que não sabem o que estão a dizer." Um deles é o arquitecto e vereador do PS na Câmara do Porto Correia Fernandes, que foi também professor de Rui Barros Silva. Correia Fernandes tem sido um dos principais críticos em relação ao conjunto de cinco esplanadas, tendo inclusive defendido a pura e simples retirada das estruturas daquele local histórico.

A intervenção de Correia Fernandes, juntamente com a do vereador da CDU, Rui Sá, já contribuíram para que a Câmara do Porto pedisse um parecer à Direcção Regional de Cultura do Norte (DRCN) sobre aquelas esplanadas, que foram ontem inauguradas. Pedido este que está ainda a ser analisado, conforme o PÚBLICO voltou a confirmar ontem. Na eventualidade de a DRCN decidir mandar retirar as esplanadas, o autor do projecto comenta apenas que terão de ser as "leis da República" a resolver o caso.

Piso sem alterações

Mas, apesar do respeito pelos críticos e de "rejeitar o confronto e preferir o recolhimento", Rui Barros Silva garante que nunca se ausentará do que é o impacte da sua obra. Por isso explica alguma das suas opções. É o caso das estruturas metálicas que sustentam os cinco "pavilhões".

O arquitecto admite que poderiam ser mais graciosas, mas isso iria aumentar ainda mais o custo para os donos dos estabelecimentos Café O Mais Velho, Café Âncora D"Ouro (Piolho), Café Universidade, Geladaria Cremosi e Restaurante Irene Jardim e que rondou um total de 250 mil euros.

Por outro lado, acrescenta, a estrutura tem de ser suficientemente forte para aguentar chuvadas e ventanias - uma vez que as esplanadas estarão abertas todo o ano - e o máximo de lotação. Rui Barros Silva volta também a insistir que, caso seja necessário retirar os "pavilhões", o piso não sofreu alterações e basta desenterrar quatro pilares no caso das esplanadas mais pequenas. Buracos esses que "ficarão tapados por cubos de granito". Quanto ao facto de a distância entre o chão e o piso das esplanadas ser consideravelmente elevado em alguns pontos, Rui Barros Silva lembra que teve de ser mesmo assim, visto que a Praça Parada Leitão é descendente no sentido do Café Piolho e do Jardim da Cordoaria. "Noutros pontos têm só cinco ou seis centímetros de altura", realça.

O arquitecto volta a insistir que procurou que as esplanadas fossem o mais possível transparentes. Os vidros abrem até dois terços, "eliminámos qualquer plano opaco" e as caixilharias em alumínio até foram desenhadas por Souto Moura para uma empresa da especialidade. O autor reconhece que existem muitas posições em que as esplanadas impedem o campo de visão para os monumentos da zona, mas considera esta crítica "um bocado despropositada". "Porque basta deslocarem-se um pouco para o lado" para existirem "outros tantos planos" que não são cortados pelas esplanadas.

Já sobre as árvores, lembra que teve acompanhamento da Divisão dos Espaços Verdes da Câmara, que, segundo explicou, lhe fez saber que as antigas caldeiras que as rodeavam eram "um erro". Aliás, Rui Barros Silva conta com o apoio, dentro em breve, destas árvores, que quando voltarem a ter folha vão contribuir para esconder as esplanadas com as suas copas.

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