Ana Gomes critica tom da carta de José Sócrates ao PÚBLICO

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Ana Gomes critica também a "insensibilidade" de Sócrates face ao caso Mexia Miguel Madeira

A socialista Ana Gomes criticou hoje o teor da carta enviada pelo primeiro-ministro ao jornal PÚBLICO no âmbito da publicação de um artigo sobre projectos de casas na Guarda assinados por José Sócrates quando este já tinha regime de exclusividade na Assembleia da República.

No blogue Causa Nossa (em http://causa-nossa.blogspot.com/ ), em que Ana Gomes participa juntamente com mais autores, a socialista afirma que não gostou das revelações, muito menos das casas “esteticamente penosas”. Mas do que não gostou mesmo foi da carta de José Sócrates: “Menos, menos ainda, só da carta de protesto que o PM José Sócrates escreveu ao PÚBLICO e em que assume a responsabilidade dos respectivos projectos. Será de engenheiro técnico. Não é de primeiro-ministro”, refere.

O primeiro-ministro acusava, na dita carta, o jornal de ter “desistido de fazer jornalismo de referência” depois da publicação, no dia 5, de um artigo que revela que, ao contrário do que tinha já afirmado em 2008, a actividade de projectista que exercia não era, como tinha referido, residual. A notícia referia que o actual primeiro-ministro assinou, entre 1987 e 1991, 26 projectos de casas na Guarda, 21 dos quais quando gozava de regime de exclusividade na Assembleia da República.

José Sócrates foi afastado pela Câmara da Guarda, em 1990 e 1991, da direcção técnica de obras particulares de cujos projectos era autor, depois de ter sido várias vezes advertido por causa da falta de qualidade dos seus projectos e da falta de acompanhamento das obras - chegando a ser ameaçado com sanções disciplinares.

Num outro “post”, Ana Gomes acusa ainda Sócrates de ter tido uma “estarrecedora insensibilidade”, ao elogiar as capacidades de gestor de António Mexia à frente da EDP, numa altura em que são públicos os valores que recebeu em 2009 por parte da empresa pública.

O gestor recebeu mais de três milhões de euros em salários fixos e remuneração variável em 2009, valor que já afirmou considerar justo tendo em conta o cumprimento dos objectivos por si propostos.

“Que estarrecedora insensibilidade - a do primeiro-ministro, hoje ao lado de Mexia, todo elogios ao gestor, sem uma palavra de admoestação, a impor moderação, a pedir contenção, semelhante à que pede ao povo”, diz Ana Gomes sobre Sócrates, criticando Mexia: “Que topete! Que descaramento! Que imoralidade! - os do Dr. António Mexia, a dar-lhe com ‘os objectivos’, ao ser confrontado pelos jornalistas sobre o estupor público suscitado pela soma faraónica que arrecadou nos últimos anos, com o indecoroso aval do accionista Estado, à conta dos consumidores da EDP, cujas tarifas foi aumentando.”

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