Grécia aceitou submarino alemão que não queria e compra mais dois

Nas vésperas da cimeira que definiu o acordo franco-alemão de apoio à Grécia, Atenas encerrou inesperadamente uma contenda de quatro anos com Berlim por causa de um submarino construído pela Thyssen-Krupp, nos estaleiros de Kiel, um caso que o Financial Times (FT) relatou há cerca de uma semana.

A Armada grega recusou-se a aceitar o Papanikolis, em 2006, depois de ter verificado em manobras no mar do Norte que o aparelho não correspondia ao prometido. Contudo, numa mudança inesperada e interpretada como uma forma de ganhar o apoio de Berlim, o primeiro-ministro, George Papandreou, não só aceitou o aparelho como ainda encomendou mais dois do mesmo tipo aos alemães, a serem construídos nos estaleiros de Scaramanga, os maiores da Grécia, apesar da situação crítica do défice orçamental e da dívida pública do país.

Papandreou foi também chamado a intervir na resolução das negociações entre a Thyssen-Krupp e o construtor naval do Abu Dabi, controlado pela família real do estado do Golfo, para a alteração accionista em Scaramanga. A Thyssen vendeu 75 por cento do capital dos estaleiros, que tinha comprado em 2000, ao Abu Dabi e ficou com os restantes 25 por cento.

Os dois novos submarinos serão construídos nestes estaleiros que acabaram de produzir três outros aparelhos, com base nas contrapartidas da entrada dos alemães no capital de Scaramanga, um negócio então avaliado em 2,5 mil milhões de euros.

Atenas aceitou o Papanikolis, pagando por ele 480 milhões de euros, mas o aparelho vai sofrer modificações e não é para ser usado pela Armada grega, mas sim para venda a um país terceiro.

O FT sublinhava na mesma edição que Atenas também vai comprar seis fragatas à França, por 2,5 mil milhões de euros, mas com uma diferença de fundo: Paris aceitou que o acordo ficasse suspenso até o país ultrapassar a sua crise orçamental. L.F.

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