PCP quer investigação judicial sobre compra de submarinos
“É extremamente grave. Trata-se de ilícitos criminais e evidentemente que as autoridades judiciárias são as entidades competentes para proceder a essa averiguação e nós entendemos que essa investigação deve ser feita até ao fim, sem quaisquer intromissões de qualquer espécie por parte do poder político e que deve ser investigado tudo o que tem que ser investigado”, disse o deputado do PCP António Filipe.
Para o deputado comunista, estando em causa a “eventual prática de ilícitos criminais”, “é a Procuradoria-Geral da República que tem a competência exclusiva para proceder à respectiva investigação”, devendo o poder político “colaborar em tudo o que lhe é pedido e criar todas as condições para que essa investigação possa decorrer até ao fim sem quaisquer constrangimentos”.
O Governo suspendeu hoje o cônsul honorário de Portugal em Munique, Jurgen Adolff, de “todas as funções relacionadas com o exercício do cargo”, na sequência da investigação na Alemanha de suspeitas de corrupção na venda de submarinos.
A revista alemã Der Spiegel noticiou que um cônsul honorário de Portugal, que não identifica, terá recebido um suborno de 1,6 milhões de euros da Ferrostaal para ajudar a concretizar a compra de dois submarinos pelo Estado português em 2004.
De acordo com a revista, o cônsul honorário terá também organizado, no Verão de 2002, uma “reunião entre a administração da Ferrostaal e o antigo primeiro ministro português José Manuel Durão Barroso”, actual presidente da Comissão Europeia.
António Filipe lembrou ainda que o PCP “sempre manifestou a sua reserva e oposição” à prioridade conferida à aquisição de submarinos para as Forças Armadas, considerando ainda que no negócio “as contrapartidas não foram devidamente acauteladas”.