O Pritzker agora atribuído aos arquitectos da SANAA não irá fazer aumentar a qualidade, mas "é mais um carimbo a atestar aquilo que já sabíamos", nota João Fernandes, director do Museu de Arte Contemporânea de Serralves (MACS), que conhece bem outros projectos museológicos daquele atelier.
Cita o caso do New Museum of Contemporary Art em Nova Iorque, que classifica como "um extraordinário projecto de integração do edifício na zona da Bowery", e que a João Fernandes agrada mesmo mais "na sua faceta exterior do que na interior", pois aqui tem espaços bastante exíguos. Já sobre o Museu de Arte Contemporânea de Kanazawa, no Japão, o director do MACS diz que ele está mais próximo do projecto Serralves 21, pela "modularidade do espaço e pela autonomia" que contém cada um dos seus módulos.
Serralves 21 é, de facto, uma espécie de "lego" constituído por uma estrutura densa e compacta de pavilhões multifuncionais, em que João Fernandes destaca, uma vez mais, "a qualidade objectual dos volumes", que é também uma marca da arquitectura de Sejima e Nishizawa, para além da sua elogiada adequação ao meio. Numa área de 8000 m2, no novo pólo projectado para a Senhora da Hora, no terreno da antiga fábrica Efanor, serão instalados espaços para as reserva das colecções do Museu de Serralves, bem como dos acervos privados. Mas haverá ainda um centro de exposições, espaços administrativos e também um núcleo para as indústrias criativas.
Trata-se, uma vez mais, de um projecto que associa a arquitectura com a requalificação urbana de todo um quarteirão, cujo direito de superfície foi cedido pela Câmara Municipal de Matosinhos à Fundação de Serralves por um prazo de 99 anos, e que inclui também uma parceria com a Fundação Belmiro de Azevedo, que aí instalará um núcleo de evocação da história e do património industrial da Efanor.
Inicialmente anunciado para ficar pronto no corrente ano, o projecto Serralves 21 está atrasado e ainda à espera da disponibilidade financeira que o torne possível. Em recente entrevista ao P2 (ver edição do passado dia 16 de Março), o presidente da Fundação de Serralves, Luís Braga da Cruz, explicou ter sido feita "uma candidatura ao POVT (Programa Operacional de Valorização do Território), com um valor de investimento total de 42,8 milhões de euros". Desse orçamento, o programa "considerou elegível um valor de 38,9 milhões, a que corresponderia uma contribuição do FEDER de 27,2 milhões". Falta agora encontrar a contrapartida nacional para assegurar essa verba, e sobre isso Serralves não tem novidades. A não ser a de que, enquanto não avançar a construção de Serralves 21, o MACS vai guardar parte do seu acervo na garagem dos Paços do Concelho de Matosinhos, junto à galeria municipal, na sequência de um protocolo já estabelecido entre a fundação e aquela autarquia para o efeito. A adequação de parte do espaço da garagem a depósito de arte está a ser feita pelo arquitecto Alcino Soutinho, autor do projecto da câmara matosinhense.