Supremo suspende execução de Hank Skinner no Texas
Skinner, de 47 anos, com muito tempo passado já no corredor da morte no Texas, sempre afirmou que não era culpado. Foi condenado em 1993 por um triplo homicídio, acusado de assassinar a sua companheira e os seus dois filhos adultos. Nessa noite, estaria tão alcoolizado que mal conseguiria levantar-se. Há várias provas que nunca foram testadas, como um impermeável com vestígios de sangue.
O seu caso tem mobilizado muitos abolicionistas, que vêem aqui todos os vícios do sistema judicial dos Estados Unidos. Para além dos testes de ADN que nunca foram feitos e de uma justiça que recusa recuar, o seu primeiro advogado tinha um conflito de interesses – ex-procurador, já acusara Skinner de roubo e de agressão – e terá feito um péssimo trabalho.
Para a Amnistia Internacional, “todos os elementos de prova reunidos contra Henry Skinner são indirectos, provam apenas que ele esteve presente no local dos crimes, o que ele nunca contestou”. O mesmo defende a organização Ensemble Contre La Peine de Mort, da qual faz parte Sandrine Ageorges, a abolicionista francesa que é desde 2008 mulher de Skinner.
A suspensão decidida ontem implica um adiamento, mas não garante a Hank Skinner que a justiça lhe dê finalmente o direito de realizar os testes de ADN. Se um tribunal recusar que as provas sejam analisadas, a execução pode simplesmente voltar a ser marcada.
A injecção letal de Skinner já tinha estado prevista para dia 24 de Fevereiro, mas foi então adiada devido a um erro processual. “Uma boa notícia porque deu aos advogados mais tempo para trabalhar no último recurso”, disse Sandrine Ageorges ao Público há duas semanas.
O envolvimento de Ageorges, que só recentemente revelou em público que está casada com Skinner, mobilizou também apoios em França. O embaixador em Washington “intercedeu junto do governador do Texas para pedir que Skinner fosse perdoado e que lhe fosse concedido o seu pedido de um inquérito complementar”, afirmou ontem o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês.
O Presidente Nicolas Sarkozy ofereceu a Sandrine “o apoio da França”, enquanto o deputado socialista Jack Lang escreveu ao governador do Texas, pedindo-lhe a suspensão da execução. “Tudo mostra que Hank Skinner é inocente. O seu processo concluiu-se após duas horas de deliberações”, disse o antigo ministro da Cultura na carta enviada a Rick Perry.
Sandrine Ageorges estava há 20 meses proibida de visitar o marido, depois de ter sido considerada “um risco para a segurança” pela penitenciária do Texas onde ele está preso. Durante muito tempo também não lhe pôde escrever – só foi autorizada a voltar a fazê-lo depois da intervenção do consulado francês. Terça-feira, dia que se supunha ser a véspera da injecção letal, pôde visitá-lo por algumas horas.
Do corredor da morte nos Estados Unidos já foram resgatados 139 inocentes, muitos nos últimos anos, graças a testes de ADN como os que a defesa de Hank Skinner quer fazer.