Cadeia de supermercados holandesa atenta à possível venda das lojas da insolvente Alisuper
A cadeia de retalho alimentar, que tem mais de 12 mil lojas em todo o mundo, está em plena expansão em Portugal e quer passar de 30 para 200 supermercados nos próximos quatro anos. À espera de uma decisão dos principais credores - Caixa Geral de Depósitos, BPN e BCP -, o grupo Alicoop tem uma dívida de 80 milhões e apenas mantém 16 lojas de portas abertas. Os contratos de trabalho de 380 trabalhadores estão suspensos.
"Para a SPAR ficar com a rede Alisuper seria uma boa oportunidade, mas não temos nenhum vínculo com eles nem nenhum acordo", disse Luís da Bernarda, administrador da SPAR Portugal, sublinhando que a operação só será possível caso o plano de recuperação contemple a venda de lojas. "Não existem de momento quaisquer factos concretos que apontem neste sentido", esclarece.
A cadeia de retalho independente (cada loja tem um dono e é uma empresa) já tinha feito "uma ou duas " abordagens ao mercado português mas só em 2007 começou a marcar presença com supermercados em Aljezur e Olhão. Na altura, a SPAR já estava em todo o mundo, com excepção de Portugal e Luxemburgo.
Luís da Bernarda, que foi responsável por projectos de retalho independente na Grula e na Elos, queria lançar uma cadeia de supermercados de proximidade e dar uma solução empresarial ao retalho independente. "A única forma de o comércio de proximidade poder ser competitivo e ter uma quota de mercado interessante é recorrer ao apoio de uma organização internacional", explica. O administrador da SPAR Portugal bateu à porta da cadeia holandesa, fundada em 1932, e começou a construir a rede a partir da região algarvia. "Com os turistas retiramos conhecimento da marca", diz.
A expansão tem evoluído do Sul para o Centro do país. A SPAR ainda não tem lojas no Norte, mas já marca presença na Madeira e nos Açores. São, sobretudo, novos investidores (incluindo pessoas que, com a crise, decidiram apostar num sector que tem registado crescimento do negócio) e empresários já com lojas abertas que aderem à rede. No final de 2010, Luís da Bernarda espera ter 70 supermercados abertos e fechar o ano com uma facturação de 55 milhões de euros.
"Para chegar às 200 dentro de quatro anos lançámos o desafio aos retalhistas que já têm lojas SPAR e que queiram ter mais. A ideia é criar uma cadeia regional de supermercados", afirma.
Para já, a gestão está entregue a empresários independentes, mas, numa segunda fase, Luís da Bernarda pondera ter lojas próprias. Dependendo do espaço, os investidores dispensam entre 30 mil a 200 mil euros pela abertura de um supermercado, suportam todo o investimento com a loja e pagam um valor mensal à SPAR.