Os números são esclarecedores: Lionel Messi, “Leo” para os amigos, marcou oito golos numa semana – foi o autor de onze dos últimos 15 golos do Barça em todas as competições. O “hat-trick” na vitória contra o Saragoça (4-2), com um golo incrível após fintar uma série de adversários, foi o mais recente. Antes, tinha feito outro “hat-trick”, frente ao Valência (3-0) e tinha também bisado em Almería (2-2) e marcado o golo da vitória contra o Málaga (2-1). Sem esquecer, ainda, os dois golos contra o Estugarda na Liga dos Campeões (4-0).

Fiel a si mesmo, o tímido atacante argentino, melhor marcador do campeonato, com 25 golos em 27 jogos, não vê, ou recusa-se a ver, o aspecto extraordinário e até histórico das suas “performances”: “Mesmo que tenha sido eu a concretizar os golos, o mérito vai para a equipa. Não há ‘Messi-dependência’”, disse, depois da demonstração de classe em Saragoça.

Vão-se sucedendo os actos de reverência e elogios dos adversários: “Revi o Maradona, mas mais rápido”, assegurou o treinador do Saragoça, José Aurélio Gay. “É um grande jogador, é muito difícil de parar e é capaz de alterar o rumo de um jogo. Talvez não seja humano...”, brincou Anderson, médio do clube aragonês.

As manchetes da imprensa espanhola louvavam o génio do pequeno argentino: “Deus do futebol” no desportivo catalão “Sport”; “Enorme”, no “Mundo Deportivo”; e “Nem Maradona...” no “El Periodico de Catalunya”.

O treinador do Deportivo da Corunha, Miguel Angel Lotina, fez uma comparação com Diego Maradona: “Há algum tempo eu digo que [Messi] é o melhor. Para mim, é o jogador mais completo que já vi, é mais forte que o Maradona”. “Talvez o Maradona fosse melhor nas bolas paradas, mas o Messi é muito mais rápido e habilidoso”, acrescentou o experiente Lotina.

Até o técnico do Barcelona, Pep Guardiola, se confessou vencido (e convencido): “O que fez o ‘Leo’? Arranjem os adjectivos, eu já não tenho mais”, disse aos jornalistas. O presidente do Barcelona, Joan Laporta, afirmou que Messi, com apenas 22 anos, está, “com Cruyff e Maradona [dois ex-jogadores do Barca...] ” entre os melhores de sempre.

Mesmo o Real Madrid, grande rival do Barcelona, se curva ante o talento de Lionel Messi. “Cristiano Ronaldo é um dos melhores jogadores do mundo, mas Messi é o melhor”, disse Manolo Sanchis, defensa lendário do clube “merengue” e actualmente consultor desportivo.

O apetite está aguçado e toda a Argentina espera agora que o diabrete da Liga espanhola faça das suas também com a camisola “albiceleste”, com desempenho idêntico ao que demonstra no Barça. Para superar o “Deus” Maradona, que ganhou o Mundial de 86, Messi não tem outra escolha: tem de ganhar um Campeonato do Mundo.