Auto-retrato do artista em construção

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O esboço do retrato de Madame Joseph-Michel Ginoux (ao lado), dona do café da estação, em Arles, aparece nesta carta (em cima, à esq.) cortesia da Royal Academy

São 65 pinturas, 30 desenhos e 35 cartas raramente vistas. Uma vasta exposição que se propõe revelar O Verdadeiro Van Gogh, além da loucura e da orelha cortada. E quem era o verdadeiro Van Gogh? Um autodidacta que se entregou à arte para chegar aos outros: trabalho, trabalho, trabalho. Talvez a arte tenha sido a sua saúde. Em Londres, até 18 de Abril. Por Alexandra Lucas Coelho, em Londres

1. A ponte das cartas

No Verão de 1880, um jovem holandês, mas não tão jovem assim, decidiu tornar-se artista. Apenas dez anos depois, no Verão de 1890, deu um tiro no peito. Fizera mais de 800 pinturas e 1200 desenhos, mas quase ninguém se interessou por ele.

Hoje visto como o fundador da arte moderna, Vincent Van Gogh morreu a achar que era um fracasso.

A sua imagem popular é a do génio louco, aquele que antes de se suicidar já tinha cortado a orelha, incapaz de controlar os seus actos (epiléptico, esquizofrénico, maníaco-depressivo, envenenado pelo metal das tintas? - não se sabe ao certo).

Agora, a Royal Academy of Arts, em Londres, propõe revelar O Verdadeiro Van Gogh com 65 pinturas, 30 desenhos e 35 cartas raramente vistas.

Uma vasta exposição baseada no trabalho sobre a correspondência do artista feito por um trio do Museu Van Gogh de Amesterdão, Leo Jansen, Hans Luijten e Nienke Bakker.

Durante 15 anos, estes peritos prepararam uma monumental edição anotada, incluindo reproduções das cartas originais, muitas delas com desenhos.

Tudo isto foi recentemente publicado em seis volumes (com 4300 ilustrações, novas transcrições, novas traduções e cartas até agora desconhecidas), e há uma minuciosa extensão on-line: em www.vangoghletters.org estão disponíveis gratuitamente as 902 cartas da correspondência sobrevivente, nas línguas em que foram escritas (sobretudo holandês e francês) e em tradução para inglês.

O trio de holandeses - também responsável pelo catálogo da exposição, em conjunto com a curadora Ann Dumas - considera a correspondência de Van Gogh uma verdadeira "segunda obra", não apenas por conter esboços a caneta e aguarelas, mas como "um auto-retrato do artista" em construção.

"Nenhum outro artista escreveu tão extensamente e em detalhe sobre a sua arte", diz no catálogo Nicholas Grimshaw, director da Royal Academy. "O Van Gogh que emerge daqui é muito diferente do génio louco do mito popular. Ao contrário, descobrimos um homem reflexivo, altamente cultivado, com métodos de trabalho sistemáticos e estratégias artísticas cuidadosamente planeadas."

Há referência a 2000 cartas, mas só sobreviveram 819 enviadas e 83 recebidas - não porque Van Gogh tenha recebido tão poucas, mas porque mudou muitas vezes de poiso (entre Holanda, Bélgica, Inglaterra, França), e sistematicamente destruía os seus papéis.

Cerca de 90 por cento das cartas originais estão no Museu Van Gogh de Amesterdão, 21 encontram-se em Nova Iorque e as restantes dispersas.

Sendo ao mesmo tempo papel de desenho, meio de focar ideias e monólogo interior, a correspondência é a "ponte entre o homem e a sua arte", dizem os três holandeses. Revela uma personalidade com grande coesão, "enérgica e activa, de convicções fortes, cuja vida era dominada pelo crescimento pessoal e a necessidade de tornar o seu talento útil, o que o levou a exigir o máximo de si próprio", com entusiasmo e devoção obsessiva.

Para perceber a dimensão deste esforço, vale a pena recordar que Vincent Van Gogh é um autodidacta.

Nascido em 1853, filho de um pastor protestante e sobrinho de um negociante de arte, foi encaminhado aos 16 anos como aprendiz para a firma de arte Goupil & Cie, em Haia, na Holanda (tal como aconteceria depois com o seu irmão Theo, quatro anos mais novo). Já falava inglês e francês, além de holandês, e as estadias em Londres e Paris, onde a Goupil tinha escritórios, ajudaram a torná-lo fluente. Ao convívio constante com originais e reproduções juntaram-se visitas aos museus franceses, ingleses e holandeses, o que originou nele todo um arquivo mental de imagens. Vincent estava assim pronto para comprar e vender arte, a vida confortável que os pais lhe tinham preparado.

Mas a inquietação transbordou cedo. Queria chegar aos pobres, aos operários, aos lavradores, aos mineiros. Educado na Bíblia, pensou primeiro tornar-se evangelista. Depois cortou com a igreja e com a "cultura burguesa e clerical, que achava "jesuítica" e hipócrita". E aos 27 anos, decidiu tornar-se artista, com a ambição última de "confortar as pessoas". A sua arte seria uma "arte para o povo", aquela que as pessoas mais simples pendurariam na parede de sua casa.

Nada sabia de perspectiva, de anatomia, de cores. Aprendeu tudo lendo livros, copiando Rembrandt, Millet ou Delacroix, repetindo à exaustão, e de tudo isto vai dando conta nas cartas.

Eis então, carta a carta, "a luta de um homem que mostrava pouco talento para desenhar, e já não era novo, para se tornar um artista", resumem os editores. Com "uma disciplina de ferro, praticou durante anos em papel e tela, não recebendo nem reconhecimento nem recompensa pelo seu esforço". Mas o que daqui resultou, em apenas dez anos, foi uma obra imensa que no futuro tocou toda a gente.

"Vistas a esta luz, as cartas podem ser um encorajamento para quem crê em causas aparentemente desesperadas", rematam os peritos holandeses.

Van Gogh faz vibrar o fundo de cada um. Como na grande literatura, vivemos com ele a nossa dor e o nosso júbilo. E isso explica por que a correspondência foi sendo editada em dezenas de países.

Quatro em cada cinco cartas são dirigidas a Theo, esse irmão incondicional. Quando, no Verão de 1880, Vincent decide tornar-se artista, Theo passa a tirar uma fatia mensal do seu rendimento para o irmão. Quando Vincent precisa de telas, tintas e pincéis, Theo envia-lhos. Quando Vincent aluga uma casa velha, Theo paga as obras.

Vincent vivia com quase nada, além do cachimbo e do absinto, e frequentemente dava o que tinha. Mas como nunca ganhou dinheiro como artista, dependeu sempre de Theo, a quem ia mandando trabalhos que hoje valem milhões.

Sem Theo, a obra de Van Gogh literalmente não teria sido possível, dizem os peritos holandeses.

Esta também é uma história de fraternidade. E, quando entramos na exposição, logo à direita estão os dois irmãos, muito jovens, em grandes retratos ovais cor de sépia, lado a lado.

Vincent de olhos duros, opacos, escuros, Theo de olhos claros, doces, líquidos.

2. Arte para

o povo

Mas antes mesmo de entrar, a primeira coisa que o visitante vê é que há muita gente. Tanta que a triagem começa logo no pátio da Royal Academy, com uma porta para quem já tem bilhete e outra para quem vai comprar.

Pequenas filas para o bengaleiro, para a casa de banho, para subir as escadas. E ao cimo das escadas, quando enfim entramos, montinhos de gente à frente de cada pintura e de cada carta. Esta foi a experiência do P2 numa tarde de semana em meados de Fevereiro, nem perto da inauguração (23 Janeiro) nem do fim (18 de Abril), confirmando que Van Gogh é hoje um dos artistas mais populares da História da Arte.

Pintou para toda esta gente: avós e pais com carrinhos de bebé, estudantes à solta e turmas inteiras, turistas e londrinos sofisticados.

Quem viu a última grande exposição na Royal Academy - a de Anish Kapoor, no Outono -, vai encontrar as paredes (que então estavam brancas) coloridas de azul, verde, amarelo-pálido e ferrugem, cores de Van Gogh. Ou seja, as oito salas principais, com os seus tectos debruados a ouro, foram todas pintadas para isto. O que em parte deve ter ajudado a encobrir os vestígios da cera carmim deixada por duas das peças de Kapoor (um canhão que disparava toneladas de cera contra uma das paredes e uma espécie de comboio que se deslocava lentamente através de cinco salas). Mas junto às portas, no chão, ainda lá estão bocadinhos carmim que agora convivem com Van Goghs, como um rasto do futuro.

A primeira tela, na sala de entrada, é uma natureza-morta com cebolas que nos captura imediatamente pela textura. Nenhuma reprodução poderá dar ideia do relevo que têm estas pinceladas. Reencontrar Van Gogh ao vivo é sempre a sensação de que tudo aquilo acabou de ser pintado, ainda está fresco, é matéria viva.

Ao lado, uma primeira vitrina com uma sequência de cartas, como introdução à variedade da correspondência: holandês, francês, letra redonda e aguda, miúda e larga, papel de carta e papel de rascunho, revelando diferentes fases e estados de espírito.

Depois, O Verdadeiro Van Gogh - o Artista e as Suas Cartas divide-se por sete salas, que correspondem a diferentes temas.

Na primeira, Paisagem Holandesa, podemos ver alguns dos primeiros desenhos de Van Gogh, quando ele usava uma pequena moldura de madeira sobre o papel para ajudar na perspectiva e na sequência de finos traços verticais e horizontais que compõem a paisagem. Um exemplo assombroso é Um Pântano, desenhado no primeiro ano de Van Gogh como artista. Nesta sala aparecem várias cartas com desenhos panorâmicos, algumas semelhantes a páginas de BD, por estarem divididas em quadradinhos. Também aguarelas e pinturas a óleo mais tardias, já com a textura brilhante e luminosa de Van Gogh, mesmo quanto o tema é o Outono.

A segunda sala é dedicada aos camponeses: homens e mulheres a cavarem batatas, a manipularem teares, a semearem a terra, a bordarem. Vários surgem primeiro em esboço nas cartas, como Os Comedores de Batatas, pintura que um dos correspondentes de Van Gogh (o também artista Anthon van Rappard) criticou duramente por falta de técnica. E, no entanto, como a tela expõe a melancolia amarelada, granulosa daquelas vidas ("A cor de que estão pintados agora é algo como a cor de uma batata realmente empoeirada, por descascar, claro", escreve Van Gogh numa das cartas).

Na terceira sala, a paleta abre-se. O tema é a cor, os anos são os de Paris, da influência da pintura japonesa (grandes áreas de uma cor só e contornos bem definidos) e dos romances orientalistas de Pierre Loti. Foi quando Van Gogh experimentou viver no então centro do mundo artístico, e conheceu pessoalmente Toulouse-Lautrec, Seurat, Gauguin ou Pissarro. A espessura das cores torna-se hipnótica na pintura de girassóis, rosas, laranjas ou caranguejos, que aqui estão como se lhes pudéssemos tocar.

O retrato ocupa parte da quarta sala, onde se encontram, por exemplo, as cartas com esboços, e depois a pintura, da dona do café da estação em Arles - no Sul de França, para onde Van Gogh foi quando deixou de aguentar a agitação de Paris -, uma mulher que fazia juz à fama das mulheres arlesianas, tidas como muito belas. Também se podem ver os esboços para os retratos do dr. Gachet, o médico homeopata que cuidou de Van Gogh nos últimos anos. A outra parte da sala trata da relação entre arte e literatura, expondo uma série de livros favoritos do artista em diferentes épocas: Michelet, Dickens, Zola, Voltaire, Daudet, Maupassant, A Cabana do Pai Tomás, The Pilgrim"s Progress.

A quinta sala é dominada pela Revelação do Sul, o tempo passado na Provença francesa. Jardins luxuriantes, quase tropicais, com o relevo das folhas como pássaros ou plumas. A surpresa da neve em Arles. A casa amarela que Van Gogh alugou, pensando que poderia tornar-se uma comunidade de artistas - o único que apareceu foi Gauguin, e a estadia acabou em zanga e na crise que levou Van Gogh a cortar parte da orelha com uma navalha e ir levá-la a uma prostituta num bordel (recentemente, historiadores da arte apareceram a defender a tese de que terá sido Gauguin a atacar Van Gogh, cortando-lhe parte da orelha).

Na sexta sala o tema são os ciclos da natureza. Grandes campos de trigo em pinceladas que parecem vir do sol. Azuis, verdes, brancos que rebolam pela paisagem. Montanhas como ondas. Oliveiras azuis e verdes.

Pessegueiros em flor. As diferentes texturas, secas e líquidas.

A última sala tem paisagens que Van Gogh pintou no hospital de Saint-Rémy, quando se viu internado, e depois em Auvers-sur-Oise, a norte de Paris, onde se matou. Telas ardentes, com pinheiros e ciprestes espessos, impenetráveis, a subirem para o céu, primeiro desenhados nas cartas a Theo.

No fim da exposição há uma espécie de anexo onde os visitantes têm painéis com uma cronologia ilustrada da vida de Gogh, incluindo dezenas de fotografias de família e dos artistas com quem ele se cruzou. E, em vários computadores disponíveis, é possível aceder ao arquivo on-line onde estão guardadas as 902 cartas, e ficar a navegar entre elas, depois de ver muitos dos originais expostos.

3. A arte é

a realidade

Van Gogh acreditava que os homens estão destinados a grandes coisas, e viveu para cumprir isso. A sua ambição era retratar a realidade, não na aparência exterior, mas fazendo vir ao de cima a sua essência, tal como ele a captava.

"Nas figuras humanas como nas paisagens, gostava de expressar não algo sentimentalmente melancólico mas profunda dor", escreveu numa das cartas. "Quero chegar ao ponto em que as pessoas digam do meu trabalho que aquele homem sente profundamente, e sente subtilmente."

Pintar seria assim um meio de expressão pessoal, mas além das emoções pessoais, como se o artista escavasse em si as mais profundas vibrações dos homens e da natureza. Não as coisas como elas são, mas as coisas como o artista as sente.

"Van Gogh, que entusiasticamente subscrevia a ideia por trás da questão retórica de Courbet "Quem já viu anjos!", era essencialmente um inveterado realista", escrevem no catálogo os três peritos holandeses. "A arte não precisava de ser uma repetição fotográfica da realidade, mas a verdade e a autenticidade eram os seus ingredientes essenciais."

No extremo, era o artista que dava verdade à realidade - "focar atenção numa árvore e não descansar até haver alguma vida nela", escreveu Van Gogh numa carta.

E uma arte duradoura pedia artistas maiores que a vida.

O pintor do futuro, acreditava ele, seria um colorista, dando através da cor cada emoção. A função da cor seria essa, e não ser fotograficamente realista. Tal como a pintura do futuro seria o retrato, a que a cor daria intemporalidade e universalidade.

A fotografia não lhe interessava. Fala dela nas cartas como um retrato unidimensional da aparência.

Em contrapartida, a realidade era infinita. De nada valeram os incentivos de Gauguin para que trabalhasse a imaginação, a memória, a fantasia.

Van Gogh não precisou disso.

E, como se vê na exposição da Royal Academy, bastaram-lhe duas cadeiras para revelar a diferença entre os dois.

Para retratar Gauguin, pintou uma cadeira de braços, colorida, com assento almofadado, uma vela, e livros. Para se auto-retratar, pintou uma cadeira rústica sem braços, com assento de palha, o cachimbo e por trás uma caixa de cebolas.

O refinado e o rústico.

Da mesma forma, enquanto em Paris os pintores recorriam a modelos pagos, Van Gogh não tinha dinheiro e pintava quem tinha à mão: Sien Hoornik, a ex-prostituta com quem viveu; o dr. Gachet, que o tratou; Joseph Roulin, o homem dos correios em Arles de quem se tornou amigo, e depois a sua mulher e os filhos; Madame Joseph-Michel Ginoux, a arlesiana do café da estação; as mulheres nos campos de batatas; os semeadores com que esperava igualar o seu mestre Millet e representavam o começo da vida.

Quanto à natureza, estava ali, sem pedir dinheiro: pinheiros, salgueiros, ciprestes, campos de trigo e pomares, o branco do Inverno, o dourado do Outono, o verde vibrante do Verão, as mil-cores da Primavera.

E antes de serem pinturas, quase sempre foram esboços nas cartas.

Quando não pintava, tinha os livros, que para ele estavam ao lado da arte e da realidade. A sua vida era isto, trabalhar cada vez mais, como se o tempo faltasse.

E nos últimos meses, já entre crises terríveis, trabalhar era a cura, o apaziguamento, aquilo que nele queria viver.

No hospital de Saint-Rémy pintou aquilo que via do quarto, as árvores, a noite estrelada, além os campos. E depois em Auvers-sur-Oise, pintou mais de uma tela por dia, febrilmente (um corpo fascinante que esteve em exposição no Museu Thyssen de Madrid em 2007, As Últimas Paisagens, ver P2 de 7/9/07).

Tinha 37 anos roídos pela má nutrição, pelo tabaco, pelo absinto, pela insónia que o fazia encharcar a almofada com cânfora, por essa doença violenta, tempestuosa, ainda hoje não exactamente identificada.

"Pintar era a vida - até que também isso falhou", escreve no catálogo o investigador Leo Jansen. Cada vez mais lhe pesava o "sentimento de que até aí não conseguira ajudar a arte a avançar e que as quebras mentais e físicas o impediriam de o fazer no futuro".

Num rascunho incompleto da sua última carta a Theo, que os peritos holandeses também publicam, há esta frase: "Arrisco a vida pelo meu trabalho, e metade da minha razão afundou-se nisso." Mas na carta que realmente enviou, mandava esboços e pedia tintas. Isto, quatro dias antes de dar um tiro no peito. A doença podia ir e vir como uma maré, mas nesse momento não estava lá.

Num livrinho de ensaios acabado de publicar (Símbolo, Analogia e Afinidade, Vendaval), Maria Filomena Molder fala da filosofia como uma saúde, e talvez no caso de Van Gogh a arte tenha sido paradoxalmente isso, a sua saúde.

"Apesar da impressão de espontaneidade, os seus trabalhos são o produto de deliberação e pensamento racional, e o mesmo é verdade para as suas cartas", escrevem os três peritos holandeses no catálogo. "O seu comportamento foi por vezes inapropriado, e ele sofreu de crises do que podemos chamar distúrbio mental, mas o conjunto das suas cartas e das suas pinturas revela uma grande coesão interna. Esta dupla obra não pode ser considerada como o produto de uma mente doente. Pelo contrário, só pode ser vista como o legado de um grande intelecto: o verdadeiro Van Gogh."

Derradeira carta, a 23 de Julho de 1890: decisões práticas, pensamento sobre alguns trabalhos recentes, o elogio generoso de Gauguin e a remissão para o futuro. "Até breve."

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