Papa promete respostas claras à pedofilia na carta aos irlandeses

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Poucos documentos do Vaticano atraíram tanta curiosidade como a carta prometida por Bento XVI Alessandro Bianchi/Reuters

Esta missiva será crucial para reparar os danos causados à hierarquia católica pela sucessão de escândalos na Europa. O serviço de imprensa da Santa Sé adiantou que o texto será publicado ao meio-dia e indicará "claramente as iniciativas a adoptar para responder à situação" actual.

Poucos documentos do Vaticano atraíram tanta curiosidade como a carta prometida por Bento XVI depois de, em Fevereiro, ter discutido com os bispos irlandeses as centenas de abusos sexuais cometidos por padres daquela igreja, desde 1940. E atenção aumentou depois de terem surgido denúncias noutros países e de o próprio Papa ter sido implicado - em 1980, enquanto arcebispo de Munique, aceitou na diocese um padre suspeito de abusos e que anos depois viria a ser condenado por pedofilia.

Na audiência geral de quarta-feira, Bento XVI revelou que iria assinar a carta hoje (dia de S. José, "patrono da Igreja universal") e, mesmo sem se referir ao escândalo no seu país natal, disse que ela se dirige "a todos os fiéis" e que visa "ajudar no processo de arrependimento, cura e recomeço".

Na Irlanda, porém, as feridas estão longe de sarar e uma nova polémica nasceu das declarações de Maurice Dooley, perito em direito canónico, que saiu em defesa do chefe da igreja irlandesa, sob pressão para resignar depois de ter sido noticiado que participou, em 1975, no encobrimento de um padre pedófilo. Dooley afirmou que o cardeal Sean Brady "não tinha qualquer obrigação" de relatar o caso à polícia. O seu dever era reportar o caso ao bispo (como aconteceu), e se tivesse denunciado o padre "teria violado as suas obrigações".

Em sentido contrário, o arcebispo de Munique - uma das dioceses alemãs mais atingidas pelo escândalo - ordenou que todas as denúncias sejam passadas à polícia, mesmo que esse não seja o desejo da vítima.

O "Times" noticiou, entretanto, que oito antigos membros do Coro Infantil de Viena revelaram ter sido abusados por professores, em alguns casos há mais de 50 anos. Apesar de não ter ligações directas com a Igreja, o coro é um dos mais famosos do mundo, com um extenso reportório de música sacra.

E em Itália, o bispo de Bolzano, na fronteira com a Áustria, pediu perdão pelos abusos sexuais que terão sido cometidos na década de 1960 num convento da região. Estes actos, sublinhou, "são particularmente vergonhosos porque a Igreja diz ter os mais elevados padrões morais".

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