Em "Answer to yourself", Matt Lamkin canta uma frase que se tornou emblemática da cultura pop desde que James Dean espatifou o Porsche e que os The Who gravaram "My generation" ("Hope I die before I get old"). A música é eufórica de guitarras "Feelianas" e de ruído "garageiro" mas Lamkin, na sua voz nasalada, não lança aquele "I think I'm gonna die before my time" da forma habitual. Não é vitória sobre o aborrecimento de envelhecer, antes um assumir de derrota - "Well, I'll try it anyway", atira de seguida, pouco convencido da proclamação.
Num álbum com a duração certa (30 e poucos minutos), os Soft Pack compactam o humor cáustico dos Modern Lovers, o garage de Farfisa fervilhante ou o minimalismo rock'n'roll dos Wire. Fazem-no de uma forma que não se preocupa em homenagear, em reclamar atestados de "coolness" pelo bom gosto das escolhas.
Põem-no ao serviço das canções, dez canções imensas no exacto ponto de equilíbrio entre riffs a pedir euforia na dança e refrães que se tornarão, inevitavelmente, companhia próxima.
Palmas e pandeiretas, guitarras a transformar os Strokes em selvajaria e a imaginar os Franz Ferdinand como invenção de Mark E. Smith. Inventou-se o rock'n'roll para acreditar que o mundo pode ser uma coisa melhor, mais desafiante, mais desejosa de futuro - e aí está a batida subterrânea de "Move along" a transportar-nos até lá. Inventou-se o rock'n'roll porque o mundo é o que é - e lá ouvimos Matt Lamkin a confessar-se "down on loving", a explodir "living here, I just can't win" a enganar-nos com aquele "think I'm gonna die before my time".