Portugueses vão tarde e pouco às consultas de dermatologia

Muitos portugueses chegam às consultas de dermatologia tardiamente, mal medicados e com “dermatoses mascaradas”. Preocupada com esta situação, a Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia lançou uma campanha informativa e um site onde os visitantes podem esclarecer dúvidas.

Um estudo recente indica que mais de 70 por cento dos portugueses nunca recorreram a um dermatologista. No entanto, são raras as pessoas que, ao longo da vida, nunca tiveram um problema relacionado com a pele.

Dados europeus referem que 20 por cento das consultas de médico de família são motivadas por uma causa cutânea e que, em metade das consultas desta especialidade causadas por outras razões, é descoberta uma patologia cutânea.

“Há uma preocupação que temos vindo a sentir. Com grande frequência chegam-nos doentes com terapêuticas erradas ou mal orientados, porque em vez de irem à consulta da especialidade vão a outros profissionais, médicos ou não médicos”, afirmou à agência Lusa o presidente da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia (SPDV).

Numa época em que prolifera a oferta de serviços relacionada com a pele, nem sempre praticados por médicos, o presidente da SPDV, Manuel Marques Gomes, alerta a população para ter "sentido crítico" e estar atenta às habilitações dos profissionais que procura.

"Uma bata branca nem sempre significa que se está a ser atendido por um médico", frisou, lembrando que existem consultas de dermatologia em praticamente todos os hospitais centrais e distritais, não havendo razão para as pessoas não irem a uma consulta da especialidade.

Uma "grande preocupação" para a SPVD é o "receituário da farmácia". Marques Gomes contou que há muitos doentes que chegam “medicados” apenas com cosméticos ou com “um fármaco mal orientado pelo receituário da farmácia ou pelo receituário de médicos de outras especialidades que tentam resolver o problema sem a capacidade para o fazer”.

"O recurso a alternativas gera muitas vezes um desperdício de meios financeiros por parte do utente e o atraso no diagnóstico correcto da situação e respectivo tratamento", frisou.

Para alertar para esta situação, a SPVD lançou a campanha "Consulte o Dermatologista" em que exemplifica algumas das dúvidas frequentes que podem surgir no diagnóstico dos problemas da pele.

A SPVD refere uma das situações que podem ocorrer e que são da competência do dermatologista: "A existência de pelos em excesso pode por exemplo ser indicadora de uma disfunção hormonal. As pessoas não deviam recorrer à depilação a laser, sem antes procurarem um diagnóstico especializado. Estão a tratar o sintoma e não a causa".

Outra situação frequente é por exemplo a rosácea, muitas vezes interpretada como a "asa de borboleta" característica do lúpus, levando a diagnósticos incorretos, que "assustam os doentes desnecessariamente" e que o "olho treinado" do dermatologista saberia reconhecer.

O site www.consulteodermatologista.com está disponível ao público e contém informação sobre sinais de alerta, cuidados a ter e doenças de pele mais frequentes.

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