Pilotos da TAP discutem nova greve para a época das férias da Páscoa
Os pilotos da TAP estão a preparar um novo período de greve, como forma de protesto que permita forçar a revisão do acordo de empresa e contestar a proposta de actualização salarial de 1,8 por cento apresentada pela administração presidida por Fernando Pinto. E, segundo o Negócios.pt, que citava uma fonte presente no plenário de trabalhadores convocado pelo Sindicato dos Pilotos de Aviação Civil (SPAC), preparam-se para paralisar durante seis dias.
As datas seriam no fim-de-semana antes da Páscoa, a 26, 27 e 28 de Março, e no fim-de-semana depois da Páscoa, a 9, 10 e 11 de Abril. O PÚBLICO tentou confirmar oficialmente esta informação, mas tal não foi possível até à hora de fecho. Pelas 23 horas, os pilotos ainda estavam reunidos num hotel em Lisboa, tendo iniciado a discussão às três da tarde.
A confirmar-se a greve nestes seis dias - não era a primeira vez, antes pelo contrário, que uma greve é desconvocada após o primeiro ou o segundo dia -, e retomando a contabilidade feita recentemente pela TAP, que aponta para um prejuízo de cinco milhões de euros por cada dia de paralisação, a companhia aérea poderá estar a enfrentar uma factura da ordem dos 30 milhões de euros.
O presidente da companhia aérea, Fernando Pinto, havia apelado ao "bom senso" dos profissionais, e, numa entrevista à Lusa divulgada ontem, dizia que avançar para uma greve não seria "inteligente", porque "retira completamente a capacidade da empresa de melhoria não só do salário como de competitividade", terminando o presidente a lembrar que a TAP "é uma empresa em dificuldades, cujo capital próprio é negativo". "Fazer uma greve é uma coisa do século passado", afirmou.
A resposta veio pronta, pela voz de Carvalho da Silva, da CGTP, acusando o presidente da TAP de estar a fazer "um apelo quase indirecto à realização de uma greve". Carvalho da Silva acusou Fernando Pinto de ter uma atitude retrógrada e uma mentalidade do século XIX. As reacções do SPAC não se fizeram ouvir durante todo o dia de ontem, aguardando-se o desfecho do debate e a decisão dos trabalhadores. Na última intervenção pública que teve sobre este assunto, no passado mês de Fevereiro, o presidente do SPAC, Hélder Silva (cujo mandato termina em Maio), afirmou que a realização ou não de uma nova greve estava mais nas mãos da TAP do que nas mãos dos pilotos.
Segundo Fernando Pinto, a TAP fechou acordos com os restantes sete sindicatos ligados à empresa, com uma proposta de aumento salarial de 1,8 por cento, sujeita a aprovação das Finanças. Em relação aos pilotos, a empresa ofereceu uma percentagem adicional indexada a ganhos de produtividade.