Em 2003, quando a revista "Wire" desencantou o rótulo "New Weird America", Loren Chasse e Glenn Donaldson eram já veteranos do cruzamento da tradição americana da folk e dos blues com territórios sonoros desafiantes. Faziam-no nos inclassificáveis Thuja e nos vários projectos do colectivo que lançaram em 1999, o Jewelled Antler (extinto há seis anos).
Hoje, Glenn Donaldson é conhecido, sobretudo, pelos Skygreen Leopards, um duo algures entre o classicismo dos Byrds e a folk libertária, o "rebento" mais conhecido do colectivo. Imagine-se um Donovan mais expansivo e dopado e está-se perto do som da dupla de São Francisco, Califórnia - a comprovar em "Gorgeous Johnny", recentemente editado pela Jagjaguwar.
Donaldson, fã dos clássicos (Byrds, Dylan, Creedence Clearwater Revival, Go-Betweens), é o primeiro a reconhecer o seu estatuto de não-músico (no sentido tecnicista do termo, dizemos nós), e a história da banda sustenta a teoria. "Os Skygreen Leopards começaram comigo e com o Donovan Quinn a falar sobre música, a escrever canções juntos e a inventar histórias sobre uma banda imaginária chamada Skygreen Leopards. Algures no processo, tornou-se uma banda a sério", conta ao "Ípsilon" por e-mail. "Há alguma experimentação, mas o objectivo principal é fazer música pop, como os Monkees, com elementos country, psych e folk".
Em 1999, quando começaram a lançar discos em CD-R com selo Jewelled Antler, estavam longe de ser devotos exclusivos da folk. "Acredites ou não, vimo-lo [ao colectivo] como uma extensão da música experimental e industrial dos Throbbing Gristle, Einstürzende Neubauten e Zoviet France, mas no contexto da Califórnia do Norte. Por isso, em vez de [usarmos] berbequins e de batermos em metal, tínhamos pinhas, 'hippies', pássaros e pedras", explica.
Não é metáfora: os sons da natureza entravam na música dos projectos do colectivo através de gravações ao ar livre. "Nunca pensámos em nós em termos de música folk", diz. "Usámos muitos instrumentos acústicos porque podemos tocá-los ao ar livre e no nosso som - isso leva a um som folk, diria".
Eles, que nos anos 1990 costumavam tocar música barulhenta nos Mirza, fartaram-se "do noise e do indie rock genérico" e encontraram um caminho "nas gravações de campo, nos drones e na música pop improvisada" feita com "teclados Casio pequenos, sinos, pequenas coisas".