Jornalista Rui Santos diz ter agido de “boa fé” sobre alegado salário de Pinto da Costa

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Rui Santos nega ter tido a intenção de dizer que Pinto da Costa mentiu sobre o ordenado que aufere Rui Gaudêncio

O jornalista Rui Santos, pronunciado por dois crimes de difamação ao presidente do FC Porto, reconheceu hoje ter entendido como “boa” a informação sobre um alegado salário de 400 euros de Pinto da Costa.

Rui Santos diz que agiu “de boa fé”, mas a acusação entende que o jornalista terá injuriado Pinto da Costa em dois momentos: em excertos do livro Estádio de Choque e também no programa televisivo Tempo Extra, exibido pela SIC Notícias.

Rui Santos disse na SIC Notícias que Pinto da Costa recebia, em anos anteriores a 2004, 400 euros mensais, baseando-se num documento que, alegadamente, transcrevia declarações do presidente portista em tribunal.

Hoje, na segunda sessão do julgamento, no Porto, o jornalista explicou que o Tempo Extra é um programa de “opinião” e disse que o livro é uma “crítica ao modelo de dirigismo do futebol em Portugal”.

“Recebi um conjunto de documentos que atestavam o valor em causa (400 euros). A documentação tinha o selo do Tribunal e identificava o processo (Apito Dourado)”, disse Rui Santos, explicando que em causa estavam declarações de Pinto da Costa nos autos de interrogatório do tal processo de corrupção desportiva.

O jornalista revelou ainda que, além da documentação recebida, cruzou aquela informação com outras, inclusivamente com as que já tinham “sido publicadas” pelo "Expresso" e "Correio da Manhã" e “nunca desmentidas”.

“A minha intenção nunca foi dizer que Pinto da Costa mentiu em Tribunal”, continuou.

Também o jornalista Rui Gustavo, que publicou no "Expresso" os mesmos valores sobre o salário de Pinto da Costa, ainda antes de Rui Santos abordar o assunto, disse que a documentação recebida foi considerada “boa”.

“Nunca foi desmentido o que escrevi”, disse.

Rui Cerqueira, director de comunicação do FC Porto, e arrolado pela acusação, reconheceu ter falado com Rui Santos após a exibição do programa e explicou que, após ter assistido à gravação do Tempo Extra, ficou com a ideia de que a intenção do jornalista foi a de “reanimar” aquela situação do alegado ordenado dos 400 euros.

Sobre o livro, Rui Cerqueira disse ter percebido, pela “leitura diagonal”, que Pinto da Costa era apresentado como um “mafioso” e um “monstro”.

Na altura director de informação da SIC Notícias, Ricardo Costa disse ter recebido um telefonema de Luís Paixão Martins (da empresa de comunicação LPM) sobre as declarações de Rui Santos, tendo posteriormente comunicado o teor da conversa ao jornalista.

O fiscalista Saldanha Sanches, que também abordou o tema antes de Rui Santos, Luís Paixão Martins, na altura responsável por alguma da comunicação do FC Porto, o crítico da gestão de Pinto da Costa Alexandre Magalhães e a jornalista Tânia Laranjo são as testemunhas a ouvir a 7 de Abril, a partir das 14h00, com as três primeiras no sistema de videoconferência.

O presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Rio, é outra das testemunhas da defesa, mas ainda sem data de audição marcada.

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