Governo português é o mais pessimista da União Europeia

As previsões de crescimento económico para os próximos anos presentes no Programa de Estabilidade e Crescimento são as mais negativas entre todos os países da União Europeia que já entregaram o documento (só faltam Chipre e a Roménia). Se para 2010 o crescimento de 0,7 por cento previsto ainda consegue ficar acima do desempenho de oito países, incluindo a Grécia e a Espanha, para 2011 já é projectada para Portugal a variação do PIB mais fraca entre todos os países. Os 0,9 por cento de crescimento previstos pelo Governo para o próximo ano ficam até distantes do segundo país que projecta uma recuperação mais lenta, a Grécia, que estima uma variação do PIB de 1,5 por cento.

Para 2012, o cenário é praticamente o mesmo. O Governo aponta para um crescimento de 1,3 por cento, um resultado que apenas é melhor que os 1,2 por cento projectados pelo Governo da Lituânia e que fica longe dos 1,9 por cento da Grécia ou dos 2,9 por cento da Espanha. No que diz respeito a 2013, apenas 12 países apresentaram previsões. Entre estes, Portugal, com uma previsão de crescimento de 1,7 por cento, é claramente o mais pessimista, sendo mesmo o único que não acredita que o país possa chegar a um ritmo de crescimento pelo menos de dois por cento.

Organizações internacionais como a Comissão Europeia ou o FMI, para além das agências internacionais de notação financeira, têm vindo a alertar para a possibilidade de Portugal, devido às suas debilidades de carácter estrutural, vir a revelar uma maior lentidão na saída da crise, apontando nas suas previsões para um prolongamento da divergência nacional face ao resto da Europa durante os próximos anos. No entanto, o discurso governamental tinha sido, até agora, bastante mais optimista. Animados pelo facto de o país ter sido, em 2009, um dos que registaram uma contracção mais moderada da economia, os responsáveis governamentais destacaram a capacidade de resistência da economia. Agora, com as previsões no PEC, esta convicção dá mostras de estar mais abalada. Outra explicação para este pessimismo pode estar no facto de o Governo sentir necessidade de apresentar, junto de Bruxelas e dos mercados, projecções mais realistas. Apesar do pessimismo revelado ao nível do crescimento, o Governo não deixa de apontar para uma das descidas mais agressivas do défice público em toda a Europa, a um ritmo que apenas é superado pela Grécia.

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