Mohamed VI apela à resolução do “diferendo artificial” sobre Sara Ocidental

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Haidar acusou a UE e Espanha de proximidade em relação ao "regime totalitário" de Marrocos Jon Nazca/Reuters

Mohamed VI não quis deslocar-se à I Cimeira UE-Marrocos, que este fim-de-semana decorre em Granada, Espanha. Mas hoje o primeiro-ministro marroquino Abbas El Fassi leu uma mensagem sua em que o rei pede à UE que apoie a sua iniciativa para atribuir ao território “uma ampla autonomia no âmbito da soberania de Marrocos e da sua integridade nacional”, adiantou o diário espanhol "El País".

A questão dos direitos humanos em Marrocos foi abordada pelo presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, que apelou às autoridades marroquinas para que obtenham “progressos na questão do respeito pelos valores fundamentais e os direitos humanos”. Quanto à questão do Sara Ocidental, Rompuy apoiou os esforços da ONU para “uma solução justa, duradoura e mutuamente aceitável”.

O apelo de Mohamed VI foi feito no mesmo dia em que a activista saraui Aminatu Haidar participou numa conferência na Faculdade de Ciências da Universidade de Granada. Em Novembro, ela esteve 32 dias em greve de fome no aeroporto da ilha de Lanzarote, para protestar contra o facto de as autoridades marroquinas a impedirem de regressar a casa, no Sara Ocidental.

Naquela que foi a primeira vez que prestou declarações públicas após a greve de fome e as autoridades marroquinas a terem autorizado a regressar a casa, Haidar acusou o Governo de Espanha e a União Europeia de estarem próximos do “regime totalitário” de Marrocos e de porem os interesses económicos à frente dos direitos humanos.

Acusou Espanha de “traição” em relação ao povo saraui, que luta pela independência do Sara Ocidental desde 1976, e de “seguidismo cego” em relação a Marrocos, adiantou o "El País". A activista culpou ainda o Governo de José Luis Zapatero de causar “muita frustração” entre os sarauis e de fazer “vista grossa” diante da repressão em Marrocos e da situação dos presos políticos.

As autoridades de Rabat consideram que o Sara Ocidental, uma antiga colónia espanhola anexada por Marrocos em 1975, faz parte do seu território. Mas a Frente Polisário, apoiada pela Argélia – onde se encontram milhares de refugiado sarauis – reclama a realização de um referendo que contemple a opção pela independência.

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