Canavilhas promete solução para evitar destruição de livros

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As editoras destroem os livros por falta de capacidade de armazenamento Pedro Cunha

A ministra da Cultura considera a destruição de milhares de livros pelas editoras portuguesas um “massacre”. Gabriela Canavilhas fez esta declaração ao jornal i, em Maputo, onde se encontra a acompanhar a visita oficial do primeiro-ministro, e à margem da cerimónia de entrega do Prémio Leya ao escritor luso-moçambicano Borges Coelho.

A ministra, constatando que esta é “uma prática regular e generalizada”, disse que o seu ministério irá “fazer tudo o que estiver ao seu alcance para evitar a destruição de livros”, nomeadamente estabelecendo parcerias com transportadoras para fazer doações sem que isso represente um custo adicional para as editoras.

No centro desta polémica está a notícia publicada a 9 de Fevereiro pelo "Jornal de Notícias", segundo a qual a editora Leya terá destruído milhares de livros de Jorge de Sena, Eugénio de Andrade, Eduardo Lourenço e Vasco Graça Moura. A denúncia partiu de José da Cruz Santos, editor que trabalhou com a Asa (que foi integrada na Leya) e que disse ao JN ter sido informado pela editora de que muitos dos títulos que se encontravam em armazém iam ser guilhotinados, sobrando apenas poucos exemplares de cada obra.

Esta semana o assunto voltou a ser abordado, desta vez num artigo no PÚBLICO da autoria de Luís Fernandes, professor da Universidade do Porto. “Que país é este, em que quem manda nos livros os manda guilhotinar para fazer pasta de papel!”, indignava-se. Na sua crónica, Miguel Esteves Cardoso mostrava-se igualmente indignado.

A ministra disse ao i ter recebido estas notícias “com consternação”: “A importância do livro ultrapassa a noção de mera mercadoria. Se visse a biblioteca de Moçambique, com um reduzido espólio, compreenderia quanto a destruição de um livro me constrange”. Sublinhou no entanto que os argumentos “de carácter empresarial” têm que ser respeitados.

Isaías Gomes Teixeira, administrador-delegado do grupo Leya, explicou ao mesmo jornal, que esta é uma prática de “todas as editoras pelo mundo fora” justificada pelos custos de armazenamento dos livros. E revelou que chegou a haver uma oferta para os enviar para Timor, mas não se concretizou porque o Ministério dos Negócios Estrangeiros “disse não ter dinheiro para o transporte”.

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