Resposta ao terramoto causa polémica entre o Exército e o Governo do Chile
Entretanto uma réplica de 6,1 na escala de Richter voltou esta noite a causar o pânico no Chile e a Presidente, Michelle Bachelet, adiantou que o país deverá necessitar de crédito internacional para a reconstrução.
Nos últimos dias houve várias críticas à resposta das autoridades após o sismo, que atingiu uma magnitude de 8,8 na escala de Richter e causou cerca de 800 mortos. Edmundo Pérez Yoma disse ontem no Senado que logo a seguir ao terramoto, pelas 3h30 locais, falharam as comunicações e por isso só era possível avaliar a dimensão da catástrofe no terreno. Só após as 9h00 foi realizada a primeira inspecção, adiantou o ministro, citado pelo “El País”. “Antes disso era impossível voar porque os pilotos não tinham chegado e houve problemas de vária índole.”
O comandante da Força Aérea chilena, general Ricardo Ortega, tinha referido que duas horas após a catástrofe já estavam disponíveis os meios para realizar a inspecção nas zonas mais afectadas do país, mas a Presidente Michelle Bachelet negou essa informação. “Tenho que imaginar que o comandante da Força Aérea está mal informado”, disse, para depois salientar que a aeronave que a transportou desde Santiago demorou quatro horas a descolar.
Bachelet deixará de ser Presidente do Chile a 11 de Março, quando tomará posse o Presidente eleito Sebastián Piñera, mas a actual líder disse hoje que o país deverá demorar três ou quatro anos a recuperar da destruição. “Creio que a reconstrução durará praticamente todo o período do próximo Governo, pelo menos três anos”, disse à rádio chilena ADN. “O terramoto foi devastador.” Segundo vários analistas, os danos causados foram de 15 a 30 mil milhões de dólares (à volta de 11 a 22 mil milhões de euros).
Uma réplica de 6,1 na escala de Richter – uma das mais de 200 que já se repetiram desde o sismo – sentiu-se na noite passada em Santiago e deixou a parte Norte da cidade às escuras. Segundo o serviço geológico dos Estados Unidos (USGS), ocorreu pelas 23h00 (2h00 em Lisboa), com epicentro a 39 quilómetros da costa de Valparaíso, horas depois de ter sido lançado um alerta de tsunami na sequência de uma réplica de 5,6 graus, durante a tarde de ontem. Este alerta acabou por ser retirado mas gerou o pânico em algumas regiões do litoral do Chile.
O Governo mobilizou 14 mil militares para conter as pilhagens e distribuir ajuda nas zonas mais afectadas, para onde já foram enviadas cerca de 9000 toneladas de bens essenciais.