Uma segunda embarcação naufragou ao largo de Caminha
O último naufrágio ocorreu pelas 13h45, por razões ainda não apuradas. O acidente deu-se na zona onde decorrem as operações de busca aos dois tripulantes do “Vimar”, um barco de pesca que pelas 04h30 de hoje se afundou à entrada da barra de Caminha, a algumas centenas de metros da costa, com cinco pessoas a bordo. Dois dos pescadores nadaram até terra e foram resgatados com vida, tendo sido transportados para o Hospital de Viana do Castelo, onde já foi confirmado que o seu estado de saúde não inspira cuidados. Outros três foram dados como desaparecidos, mas pelas 10h15 foi encontrado o corpo de um deles na Praia de Moledo, reduzindo para dois o número de pescadores por encontrar.
O naufrágio terá sido provocado por uma forte ondulação que se registou na zona. O comandante da Capitania do Porto de Caminha admitiu à Lusa que o naufrágio se ficou a dever “a duas ondas mais fortes” que atingiram o barco. Mamede Alves sublinhou que os pescadores que seguiam na embarcação não usavam coletes salva-vidas, uma situação que o comandante afirma ser, “infelizmente, normal”. Também o comandante dos Bombeiros de Caminha atribuiu à ondulação forte o acidente. "O mar não estava muito agitado, mas uma sucessão de quatro ou cinco vagas de ondas terá sido demasiado forte para a embarcação", contou.
Os coletes salvam vidas mas não são práticosA recusa dos pescadores em usar coletes salva-vidas foi lamentada pela Marinha, que sublinhou que todos os naufrágios mais recentes foram “caracterizados pela não existência de transmissão de alertas de socorro pelas embarcações sinistradas e em que não foram utilizados os equipamentos de salvamento individuais e colectivos”.
Desde o início do ano, as autoridades contabilizaram seis casos de naufrágios de “pequenas embarcações junto à costa portuguesa, de que resultaram cinco mortos e oito desaparecidos”, lembrou o porta-voz do Estado-Maior da Armada, comandante João Barbosa.
“Na nossa análise, estes incidentes devem-se a um elevado risco que os pescadores correm, sobretudo em condições meteorológicas adversas”, explicou. Para trabalharem, os pescadores “têm de sair para o mar e operam depois em condições marginais, sem respeitarem as mais elementares regras de segurança”, como o uso de coletes. “É muito importante apostar na prevenção, nomeadamente com o uso de coletes salva-vidas e de protecção térmica”, reforçou o comandante João Barbosa.
Apesar das recomendações da Marinha, os pescadores explicam que o suo de coletes não é prático para a profissão. “Pura e simplesmente, não se consegue trabalhar com eles vestidos e, por isso, ninguém os usa”, argumenta o presidente da associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar, José Festas.
A associação já apresentou uma candidatura ao programa “Promar”, para dotar 4500 pescadores de fatos flutuantes e equipar 400 embarcações com equipamentos de salvamento, comunicações e ajuda à navegação, desde VHF até GPS, rádio-balizas e balsas salva-vidas.
O projecto está orçado em 4 milhões de euros e será financiado com 3,6 milhões, cabendo aos pescadores dividir entre si os restantes 400 mil euros. “Estes equipamentos garantem uma segurança muito maior na faina, em caso de acidente. Com os fatos, muito práticos e maleáveis, ao passo que o outro equipamento permite saber imediatamente a sua localização e, assim, agilizar os meios de socorro. São muitas mortes que se poderão evitar”, disse José Festa.
Na zona da foz do rio Minho prosseguem as buscas para encontrar os desaparecidos no naufrágio do “Vimar”. Nas operações participam dez homens, apoiados por oito viaturas, três helicópteros, um deles espanhol, e duas embarcações.