Policiais nórdicos No Norte mata-se tão bem

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Os crimes que vêm do Norte estão a conquistar o mundo - com histórias que além de um mistério propõem crítica social e temas para os leitores pensarem.

Uma actriz de origem somali deixada na neve, a 40 graus Celsius negativos, no Círculo Polar Árctico, na Finlândia, com os olhos arrancados, a garganta cortada, um golpe profundo à altura das ancas, como se a quisessem cortar ao meio, e as palavras "puta negra" desenhadas à faca na barriga. Uma criança meio tailandesa, meio islandesa, assassinada à porta de casa, com uma faca espetada na barriga, junto a um dos raros blocos de apartamentos de Reiquejavique. O sangue congelou e o corpo ficou colado ao chão coberto de gelo sujo, onde se escorrega a andar. Uma mulher com os pulsos cortados com um rasgão profundo, que não podia ter sido ela a fazer a si própria, e deixada na banheira, numa aldeia costeira sueca, a esvair-se, até que a água congelou e ela ficou ali, presa no gelo, com o vermelho do sangue e o dourado dos cabelos a contrastar com a pele branca.

As mortes nos policiais nórdicos são descritas com um pormenor que nos gela o coração, nos leva para paisagens geladas e cruéis, nos transporta para um mundo de frio e muita escuridão. Sinais dos tempos, as vítimas são muitas vezes mulheres - e há muitas mulheres a escrever estes crimes, imaginando também personagens femininas a investigá-los. A violência, no entanto, não é meramente gratuita: por trás do terror, os autores nórdicos - e em especial os autores suecos - fazem-nos reflectir sobre problemas da sociedade em que vivem e com que nos podemos identificar.

A violência familiar, a prostituição, o tráfico de droga, a discriminação sexual, o avanço dos movimentos políticos extremistas, a corrupção de políticos e empresas, a discriminação dos imigrantes e a própria imigração ilegal são temas que atravessam estas novelas, que se tornam algo mais do que a busca de uma solução para um mistério intrigante. O assassino até pode ter sido o mordomo, como rezava a convenção clássica, mas descobrir a sua identidade já não é o único objectivo da narrativa.

Isto é o que torna imparável a leitura de Stieg Larsson e das aventuras de cortar a respiração de Lisbeth Salander e do jornalista Mikael Blomkvist - que em Portugal é quase o único representante desta vaga e foi um campeão de vendas na Europa em 2008 e 2009 e também nos Estados Unidos, tradicionalmente avessos a literatura traduzida, ainda por cima policiais (apesar disso, entrou directamente para o quarto lugar da lista de mais vendidos do New York Times em 2009 e manteve-se perto do topo dos paperbacks mais vendidos durante dois meses).

Mas a avalanche nórdica está a ganhar volume, muitos escritores de policiais nórdicos estão a ser traduzidos para outras línguas e estão a tornar-se campeões de vendas internacionais. Segundo números citados pelo jornal sueco Dagens Nyheter, na lista dos dez autores mais vendidos na Europa em 2009, estão três autores suecos: Stieg Larsson à cabeça, Camilla Läckberg em sexto, Henning Mankell em nono.

Mankell é um caso à parte só por si: o seu sucesso internacional data já da década de 1990, com a série do inspector Wallander (não disponível em Portugal), que já vendeu mais de 25 milhões de livros em todo o mundo, deu origem a vários filmes suecos exibidos noutros países. Neste momento, a BBC está a passar uma série com Kenneth Brannagh no papel do inspector Wallander (mas as críticas têm dito que a série sueca era melhor).

Secreta violência?

Mas a que se deve esta vaga de sangue vermelho sobre a neve branca, pontuada de muito café negro e forte, como uma noite sem estrelas, e polícias que costumam ser deprimidos ou com uma bagagem de vida pesada como o céu do Inverno do Norte? Estes são os países que lideram sempre as listas dos índices de desenvolvimento humano, mas será que existe uma violência subterrânea e secreta que vem ao de cima desta maneira?

"Não acredito que os islandeses sintam que vivam num país ou num mundo violento", diz Arnaldur Indridason, um escritor islandês de policiais de 48 anos, galardoado com vários prémios no Reino Unido e nos Estados Unidos. "É claro que há criminalidade, mas pouca, porque somos muito poucos. Vivemos numa sociedade que se chama a do bem-estar [wellfare state], onde os serviços de saúde são praticamente gratuitos, tal como a educação, o que se pretende é criar uma sociedade igualitária. Alguns anos tivemos quatro assassinatos, noutros não tivemos nenhum. Mas temos problemas com droga, prostituição, houve um caso de tráfico de brancas. Não é totalmente absurdo criar uma série de novela negra na Islândia", contou à Pública em Barcelona no início do mês, no festival dedicado ao romance noir Barcelona Negra y Criminal.

Na ilha vulcânica perto do Árctico, no Atlântico Norte, onde fica o outro extremo da placa tectónica que, no Pacífico, faz tremer a Califórnia, vivem pouco mais de 300 mil pessoas. Não se pode esperar que haja uma grande taxa de homicídios, senão a sociedade não seria viável. "Estive num festival em Itália, com [o escritor] Elmore Leonard, que é de Detroit, ele contou-me que havia 650 assassínios por ano. Tive de lhe dizer que às vezes não há nenhum na Islândia!" Indridason ria-se ao contar a história, na sua língua gutural, cheia de "r" aspirados e "s" longos, que a fazem parecer tão estranha aos nossos ouvidos.

É nessa língua que fala o seu infeliz inspector Erlendur, consumidor impenitente de cigarros e de comida pronta aquecida no micro-ondas. "Eu escrevo sempre para leitores islandeses, não estou a pensar em leitores estrangeiros. Os islandeses são muito exigentes, querem absoluta realidade, o que escrevo tem de ser credível para eles", diz Indridason, cujos livros vão começar a ser publicados em Portugal pela Porto Editora (um deles foi editado anteriormente pela Civilização, sob o título Laços de Sangue, mas não anda pelas livrarias).

Já James Thompson - um finlandês nascido no Kentucky, que é como quem diz um norte-americano que há muitos anos vive na Finlândia, e que acabou por tornar-se um escritor "finlandês" responde de outra maneira quando lhe perguntam sobre se vive numa sociedade violenta. "Há muitos homicídios na Finlândia: a taxa nacional é semelhante à das grandes cidades norte-americanas. E os finlandeses matam sobretudo as pessoas que amam e, normalmente, com uma faca de caça, durante uma bebedeira. Quando acordam podem nem se lembrar do que fizeram", disse ele, também em Barcelona, para promover o lançamento em Espanha do seu livro Ángeles en la Nieve (Roca).

Mas um crime de contornos racistas e sexuais como da actriz de origem somali que descreve naquele livro, isso é fantasia: "Isso nunca aconteceria na Finlândia. Abalaria a nação, porque a questão do racismo é muito sensível", comentou. O resto, no entanto, o retrato que faz da Finlândia e dos finlandeses, fechados em si e com dificuldade em discutir os seus sentimentos, os problemas de alcoolismo - isso é bem real, diz. "É um livro bastante "cultural". Nunca nenhum finlandês me disse que as coisas não são assim. Simplesmente não gostam que se conheça este lado negro do país fora da Finlândia", diz o norte-americano aculturado ao país das renas, da Nokia e das saunas.

"As pessoas comem antidepressivos, engolem-nos à maluca e suicidam-se. Dizem que se deve escrever sobre aquilo que se conhece, e eu trabalhei muitos anos a servir álcool a pessoas deprimidas. Isto é a Finlândia", assegura James Thompson.

A receita sueca

Na verdade, os reis do policial nórdico são os suecos. "Na Suécia há uma longa tradição de escritores de policiais. Começou com o casal sueco Maj Sjöwall e Per Wahlöö. Escreveram dez livros, anos 1960/70 com o detective Martin Beck", explica a escritora dinamarquesa Inger Wolf. "Na Dinamarca, os autores suecos vendem muito mais do que os dinamarqueses, conta esta ruiva de 38 anos, cabelo liso e olhos fugidios, vestida de negro, que situa os seus livros em Arhus, a segunda maior cidade do país, onde vive e onde nasceu, mas que tem apenas cerca de 300 mil habitantes.

"O meu editor publica muitos escritores suecos, disse-me uma vez que podia publicar qualquer coisa dizendo que era um policial sueco e venderia. Se se olhar para a lista dos mais vendidos na Dinamarca, tem sempre à cabeça policiais suecos. Há um novo casal de escritores suecos a escrever policiais, saiu um livro que se chama O Hipnotizador, um amigo comentou comigo: "Oh não, outra vez não"!", contou à Pública, em Barcelona.

"A Suécia é um país onde as pessoas lêem muito, lêem nos transportes públicos, lêem à noite antes de se ir deitar. São alturas em que não se lê propriamente Kant ou Kierkegaard", diz Vítor Reia Baptista, coordenador da Escola Superior de Educação e Comunicação da Universidade do Algarve, que viveu intermitentemente na Suécia durante 13 anos, a partir de 1972, e lá se formou em literatura comparativa e media.

"Stieg Larsson, que morreu em 2004, é central para este boom, mas há um cadinho de influências anteriores. As gerações actuais leram os policiais que as anteriores já leram, já estavam lá por casa, os americanos e os ingleses, e também a Pipi das Meias Altas, que é a uma grande referência de Larsson, na personagem de Lisbeth", diz. E depois há os jornais, que os suecos consomem em grandes quantidades - os matutinos mais sérios, e os tablóides vespertinos, "chocarreiros como os ingleses, mesmo do tipo "tio estrangula a sobrinha"", conta Reia Baptista.

"A violência da sociedade não é maior, se calhar é até bem menor do que antigamente, mas a sua exposição é maior e, sendo os suecos ávidos consumidores de notícias, cria-se uma cultura propícia ao aparecimento destas narrativas", explica o investigador da Universidade do Algarve.

Rainhas do crime

Um tema muito presente no policial nórdico são as questões de género, com um foco especialmente forte a incidir sobre a sexualidade, a violência sobre as mulheres e o seu papel na sociedade - como vítimas e como personagens activas, como investigadoras criminais por exemplo.

Estes ingredientes são o tempero que dá o gosto específico ao policial nórdico - não lhe são únicos, mas a combinação dá-lhe um travo muito próprio. O toque feminino pode ser até bastante descarado, como é o caso da polícia lésbica Hanne Wilhelmsen, heroína de algumas das novelas da norueguesa Anne Holt (que chegou a ser ministra da Justiça, embora apenas durante alguns meses), da qual saiu em Portugal há pouco tempo Crepúsculo em Oslo (Contraponto). Começa com o assassínio de uma apresentadora de televisão a quem arrancaram a língua e deixaram embrulhada num origami ao lado do corpo, no escritório.

"Há muitas mulheres a escrever nos países escandinavos. Na Dinamarca, há dois escritores de policiais e cinco ou seis mulheres", diz Inger Wolf. "Não sei por que é isto, é estranho, dir-se-ia que era mais uma coisa de homens, porque é sanguinolento, mas acontece noutros países escandinavos. A mais importante é Liza Marklund e inspira muitas mulheres, tem uma imagem muito forte, muitas escritoras admiram-na. Tem usado o que escreve para fazer passar mensagens importantes, como a denúncia da violência contra as mulheres", considera a dinamarquesa, uma das novas "rainhas do crime" nórdicas.

"A partir do momento em que a literatura policial começa a ter tanto sucesso, começam a aparecer tantos escritores bons, surge também um conjunto de escritoras com uma perspectiva feminista - Camilla Läckberg, Asa Larsson, Liza Marklund - que trazem muitas mulheres-polícias a investigar. O policial tem uma linguagem muito crua, dizia-se que não era para mulheres, mas se há área em que as barreiras entre sexos se podem esbater é na literatura. E nestas sociedades há tabus que começaram a abater-se muito cedo", diz Vítor Reia Baptista. E, claro, há mais mulheres que homens, em geral, e tendencialmente mais leitoras que leitores - que gostam de ver personagens femininas e temas que lhes interessam nos livros que lêem, alguns estrogénios, um género normalmente pintado com tons carregados de testosterona!

Crítica social

Mas não é por existir uma onda criminosa secreta que os nórdicos escrevem sobre crime. "Não há muito crime na Dinamarca, acho que somos um dos países mais pacíficos do mundo", diz Inger Wolf. "A polícia dinamarquesa tem uma alta percentagem de crimes resolvidos. Quando há um homicídio, normalmente é alguém próximo da vítima, como o marido que mata a mulher. Não temos serial killers. No Ano Novo, houve um caso que foi notícia durante muito tempo: uma rapariga de 20 anos foi violada e morta, numa cidade a 100 quilómetros de onde eu vivo." É um caso tão grande que esteve nos media todos os dias durante semanas. Até na mais dura Finlândia de James Thompson os crimes são resolvidos. "A polícia é muito eficaz, tem uma alta taxa de resolução dos homicídios. E não é incomum as pessoas virem-se entregar à esquadra dizendo que mataram alguém e lamentam. São muito honestas", conta.

"A Dinamarca ainda é um país em que posso ir ao supermercado sem fechar a porta de casa. É um país muito seguro, talvez seja por não termos muito crime que temos de inventá-lo!", diz Wolf. Nos seus livros interessa-se por descobrir a origem do mal, por que são cometidos os crimes - um dos seus heróis é o inspector Daniel Trokic, meio croata, que esteve na Croácia na altura da guerra da ex-Jugoslávia, viu o mal de maneira diferente daquele que enfrenta ao investigar homicídios. Gosta de rock pesado, mesmo pesado, Ramstein e Audioslave. Vive com um gato e tem um redemoinho rebelde no cabelo que se vai libertando ao longo do dia.

No livro de Inger Wolf recentemente editado em Espanha, Un Oscuro Fin de Verano (Alba Oscura), a investigação do assassinato de uma mulher na floresta em torno de Arhus leva-nos para uma trama enredada no negócio das farmacêuticas e dos antidepressivos - algo que os dinamarqueses consomem bastante. E estão também nos primeiros lugares de uma tabela pouco desejável, a dos suicídios - tanto das pessoas idosas como dos adultos.

Se não há muito crime, uma certa violência difusa, sentida individualmente e com a qual muitos se identificam, parece percorrer subterraneamente as sociedades nórdicas - talvez todas as sociedades ocidentais, e por isso nos sentimos fascinados com os sofrimentos destes louros e ruivos heróis dos países do frio e da riqueza...

As novelas de crime, tão populares e lidas por todos, parecem ser uma forma de olhar para a própria sociedade e até para a história, defendem académicos que começam a estudar o fenómeno do ponto de vista científico. Andrew Nestingen, do Departamento de Estudos Escandinavos da Universidade de Washington em Seattle (EUA), defende que tanto os livros como os filmes policiais - e de fantasia, um outro género em crescimento - têm servido para mobilizar os leitores e os espectadores para "um debate sobre o individualismo, o colectivo, a homogeneidade, a nacionalidade, o género e as relações transnacionais", escreve no livro Crime and Fantasy in Scandinavia (University of Washington Press).

Do ponto de vista de Nestingen, o melodrama - a trama dos policiais - é menos um género realista, como muitas vezes é encarado, do que uma espécie de literatura de intervenção, com paladar nórdico: "A crítica moral torna-se um meio de tornar evidentes as transformações do Estado e da polícia", escreve na introdução de um novo livro, uma colecção de artigos de vários actores sobre a ficção criminal escandinava, que ainda está em preparação, e à qual a Pública teve acesso (ainda não em versão final).

A experiência Erlendur

Na Islândia, um pequeno país que serve de laboratório para investigação de biomedicina - por ser uma população pequena e bem caracterizada em termos de cuidados médicos e genealógicos, e também sociológicos -, o que pode pensar disto um escritor de policiais? "A Islândia passou muito rapidamente de uma sociedade rural para uma sociedade urbana e muita rica. Tento escrever sobre estas grandes mudanças sociais que se passaram desde a Segunda Guerra Mundial [a Islândia tornou-se um país independente em 1944] e a influência que têm sobre as pessoas", explica Arnaldur Indridason. "Não chegaria ao extremo de chamar-lhe uma violência, mas têm grande influência."

Queria que o meu detective, Erlendur, tivesse vivido estas mudanças. Ele não chegou inteiro à cidade, uma parte dele ficou para trás, no campo, está a vagar entre o campo e a cidade", diz. "Erlendur faz um contraponto contra a ganância, faz parte de uma outra época mais sensata, de quando as pessoas não pediam empréstimos, não queriam ter dívidas, e se as tinham pagavam-nas, não as iam acumulando."

Este detective com um filho e uma filha com problemas de droga e que não se dão com ele, solitário e deprimido, especialista em investigar casos de pessoas desaparecidas - mas é a ele e à sua equipa que vai parar a investigação dos casos de homicídio - é uma figura com que se simpatiza facilmente. Imaginamo-lo de cabelo branco, de gabardina clara, grande e reforçada por causa da gélida Islândia, com um cigarro ao canto da boca, dedos amarelados por causa do fumo. "Creio que plasma um certo espírito nacional que resulta atraente. Parece que as pessoas se identificam com ele, sentem compaixão, e isso acontece em todos os países, não apenas na Islândia, os leitores preocupam-se com ele", diz o escritor, com um sorriso meio travesso na cara grande - todo ele é grande, tem um certo ar de viking intelectual, ruivo a ficar careca, sobrancelhas ruivas e abundantes.

E a crise financeira - a Islândia foi o primeiro país a falir, por causa da crise dos mercados - está a reflectir-se nos livros de Indridason, na cultura islandesa? "Na verdade o meu último livro, que saiu antes do Natal na Islândia, é sobre a ganância, fala sobre os banqueiros, sobre a bolha especulativa mas antes de ter rebentado, da fúria de ter mais que percorreu toda a sociedade. Acredito que muitos escritores hão-de escrever sobre isto, mas ainda estamos a sofrer as mudanças, ainda não sabemos que efeitos terá, estamos submersos nela. Mas nota-se que há uma grande ira no povo, quer justiça, quer saber o que realmente se passou, prender as pessoas que o fizeram."

Guia de viagem

Certo é que o policial nórdico, ou escandinavo - ou até mesmo sueco, apenas - se tornou uma marca, nos últimos a anos, e muito graças ao sucesso transnacional de Stieg Larsson. "Há cinco anos, o policial nórdico nem sequer era um conceito. Hoje é uma marca", comentou o novelista norueguês K.O. Dahl, cujo trabalho - e traduções fora do âmbito geográfico escandinavo - começaram ainda na década de 1990, por alturas do sueco Mankell.

Os leitores esperam policiais em que uma equipa, um grupo de personagens procura desvendar soluções para crimes mais ou menos horrendos, em cenários invernosos, com personagens reflexivas, muitas vezes deprimidas mesmo, em histórias de tom pessimista - e com laivos de crítica e reflexão política e social, sobre temas que põem em causa o neoliberalismo, a ganância das empresas, o atropelo aos cidadãos, aos pequenos indivíduos pelo Estado e pelos grandes interesses.

A genealogia remonta ao casal sueco Maj Sjöwall e Per Wahlöö, mas está em rápida evolução e diversificação. Lê-los é uma experiência, quase como viajar a cada um dos países - enfim, algo aproximado dessa experiência. O islandês Arnaldur Indridason deixa uma sugestão, que vale de guia de viagem: "Creio que foi Ian Rankin [escritor de policiais escocês] que o disse, não me lembro muito bem, mas acho que se aplica muito bem aos países nórdicos: se vais a um país que não conheces, compra um policial de um autor local." a??clara.barata@publico.pt

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