Libaneses na rua em homenagem a Rafiq Hariri

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Saad Hariri diz que a justiça virá

Dezenas de milhares de libaneses concentraram-se ontem na Praça dos Mártires em Beirute, para assinalar o quinto aniversário do assassínio do antigo primeiro-ministro Rafiq Hariri, num atentado bombista que mudou a paisagem política do país.

As mortes de Hariri e de outras 22 pessoas em consequência da potente explosão de um carro armadilhado, em 14 de Fevereiro de 2005, continuam sob investigação, mas as suspeitas de envolvimento da Síria obrigaram-na a pôr fim a 29 anos de domínio sobre o Estado vizinho cuja soberania só recentemente reconheceu.

Rafiq Hariri, muçulmano sunita que fez fortuna a construir palácios na Arábia Saudita, tinha sido a escolha da Síria para governar o Líbano, finda a guerra civil de 1975-89. No entanto, à medida que procurava reconstruir o país, foi-se afastando de Damasco, o que terá contribuído para o seu fim trágico (semelhante ao do druso Kamal Jumblatt, em 1977).

O assassínio de Rafiq, dono de um império de imobiliário e media, provocou protestos populares de uma magnitude sem precedentes e fez nascer Coligação 14 de Fevereiro, dirigida pelo seu filho Saad Hariri.

Embora, hoje, seja primeiro-ministro de um Executivo de "unidade nacional" que integra forças hostis e favoráveis a Damasco (como o xiita Hezbollah), Saad Hariri confia em que a ONU não desistirá do tribunal internacional para julgar os que mataram o seu pai. Inicialmente, os investigadores apontaram o dedo a um cunhado do Presidente sírio, Bashar al-Assad, mas sem provas.

"Este processo demora tempo e estão muito, mas muito errados os que pensam que não será feita justiça", declarou à BBC Saad Hariri. "Tudo neste tribunal está a avançar na direcção certa. Temos de ser pacientes."

Reagindo aos críticos no seu próprio campo, que o acusam de sacrificar convicções, Saad Hariri justificou também uma recente visita à Síria, onde se encontrou com Assad. "Fui a Damasco porque sou primeiro-ministro do Líbano. Não interessa o que eu disse no passado, importante é que eu possa agir para benefício das relações Líbano-Síria." M.S.L.

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