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Blockbuster pede insolvência e lança alarme sobre o negócio dos clubes de vídeo

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Blockbuster chegou a ter 27 lojas em Portugal adriano miranda

A maior cadeia de aluguer de filmes em Portugal pode fechar e atirar mais de 100 pessoas para o desemprego. Associações culpam a pirataria on-line e reclamam medidas do Governo

Revolucionou o negócio dos clubes de vídeo e tornou-se a maior cadeia de aluguer de filmes no mundo e em Portugal. Hoje, resiste no debilitado universo dos videoclubes nacionais, que já teve 1200 lojas e tem agora apenas 450. Ou resistia. É que a Blockbuster Portugal deu entrada em tribunal com um processo de insolvência e corre o risco de fechar portas, deixando no desemprego mais de 100 trabalhadores.

Em comunicado, a empresa Lano Video, que explora em exclusividade os direitos da marca Blockbuster em Portugal, disse ter já solicitado às autoridades competentes a abertura de um processo ao abrigo do Código da Insolvência e Recuperação de Empresas (CIRE).

"A partir do momento em que vimos que a facturação de 2010 não iria cobrir as despesas, tivemos de actuar, antes que se tornasse um buraco maior e tivesse ainda mais impacto sobre os funcionários", disse ao PÚBLICO Tiago Caetano, que é um dos sócios da empresa ao lado de Aldo Florissi (administrador) e do actor Joaquim de Almeida. A facturação do ano passado ainda não está fechada, mas os alugueres de filmes caíram 25 por cento. Das 27 lojas que chegou a ter no território nacional, restam apenas 17.

A Associação do Comércio Audiovisual de Portugal (Acapor) não tem dúvidas que a Blockbuster é mais uma das vítimas da falta de controlo da pi- rataria e diz que, só no último ano, fecharam mais de 120 clubes de vídeo. Os que restam estrangulam com quedas de receitas na ordem dos 25 por cento. Além de novos encerramentos de lojas, os receios estendem-se agora ao mercado das editoras e distribuidoras, já que 20 a 30 por cento do seu negócio de aluguer era feito com a Blockbuster.

Negócio mundial em crise

"É claramente uma grande machadada no mercado das editoras, que já está em dificuldades", disse ao PÚBLICO Paulo Santos, director executivo da Federação de Editores de Videogramas (Fevip). O responsável destaca que as empresas do sector - pouco mais de uma dezena, entre representantes de estúdios internacionais e independentes - "estão a ficar reféns da área de venda directa, pois no aluguer, da forma que está, não há investimento que compense".

Segundo Paulo Santos, o negócio de aluguer de filmes vale hoje um quarto (cinco milhões de euros) do que valia há quatro anos. O número de empresas tem vindo a cair na mesma proporção. Nos anos 90, a época de ouro do filme alugado, chegou a haver 1200 videoclubes em Portugal. Hoje, há 450 lojas abertas (sobretudo microempresas de raiz familiar), que empregam 1300 pessoas.

As associações do sector atribuem a queda do negócio à pirataria on-line e defendem uma intervenção urgente do Governo (ver texto em baixo). O video-on-demand (como os do MEO e da ZON) também disputa clientes, mas, segundo a Fevip, não tem ainda uma quota de mercado significativa.

Os problemas da Blockbuster não se resumem, contudo, ao território nacional. Em Março de 2009, correu o rumor de que a multinacional teria contratado uma firma de advogados para estudar a possibilidade de avançar com um pedido de insolvência nos EUA. Não avançou, mas tem-se aguentado graças ao encerramento de centenas de lojas e ao corte de muitos postos de trabalho.

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