Casal Kirchner acusado de enriquecimento ilícito

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Néstor e Cristina Kirchner já foram ilibados num processo de enriquecimento ilícito Enrique Marcarian/Reuters

Os deputados argentinos anunciaram hoje que irão apresentar uma queixa contra a Presidente, Cristina Kirchner, e o ex-Presidente e marido da actual chefe de Estado Néstor Kirchner, por enriquecimento ilícito e por terem recorrido à especulação em relação ao dólar em plena crise financeira mundial, adiantou a AFP.

Os deputados acusam os Kirchner de “enriquecimento ilícito com base em informações privilegiadas”. Entre os motivos da queixa está a compra de dois milhões de dólares em 2008, adiantou em tribunal o deputado da oposição Juan Carlos Moran.

O ex-Presidente Néstor Kirchner reconheceu ter comprado dólares no início da crise financeira mas adiantou que esse dinheiro serviu para adquirir um hotel de luxo em El Calafate, no Sul do país, um local visitado por milhares de turistas todos os anos. O casal Kirchner passa muitas vezes férias nesse local, na província de Santa Cruz, onde Néstor Kirchner nasceu.

A compra de dólares terá ocorrido em Outubro de 2008, “a altura em que houve maior variação do câmbio”, adiantou Moran. O ex-Presidente defendeu-se ao dizer que não beneficiou da variação do valor das moedas “uma vez que o pagamento [do hotel] foi feito na mesma moeda”, em dólares.

Esta queixa foi apresentada depois de o ex-governador do Banco Central argentino, Martin Redrado, em confronto com a Presidente Kirchner que recentemente o quis destituir, ter ameaçado divulgar uma lista das pessoas que compraram dólares.

Os Kirchner já foram ilibados de uma outra acusação de enriquecimento ilícito em Dezembro, depois de terem declarado um aumento de 158 por cento relativo ao seu património (de 4,6 milhões para12 milhões de dólares) devido à venda de imóveis na província de Santa Cruz. “Os especialistas do Supremo Tribunal concluíram que o aumento do património se justificou”, disse o juiz Norberto Oyarbide, que garantiu ter havido uma “análise profunda das declarações patrimoniais”.

“Não se pode dizer que 2010 tenha começado da melhor maneira para o casal Kirchner”, escreveu o correspondente do “El País” em Buenos Aires, Pedro Cifuentes. “Acossado pela imprensa, a instabilidade económica, a manipulação de estatísticas oficiais, o aumento da insegurança e a multiplicação da sua fortuna pessoal, vê também que começa a quebrar-se, inclusive, a férrea unanimidade imposta por Néstor Kirchner no seu próprio partido, a Frente para a Vitória”.

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