Torne-se perito

Uma em cada quatro jovens está infectada com vírus que causa cancro do colo do útero

Prevalência global da infecção por HPV é semelhante à que foi encontrada em Espanha, mas é superior à média europeia

Mais de um quarto (28,8 por cento) das jovens entre os 20 e os 24 anos em Portugal estão infectadas com o vírus do papiloma humano (HPV), que pode provocar cancro do colo do útero. A conclusão está no primeiro estudo epidemiológico de âmbito nacional sobre a prevalência da infecção em Portugal.

Apresentado ontem numa reunião da Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG), o estudo Cleopatre indica que a prevalência da infecção por HPV no total das mulheres analisadas (mais de 2300, entre os 18 e os 64 anos) é inferior, mas , mesmo assim, ascende a 19,4 por cento - o que significa que uma em cada cinco está infectada.

Isto não quer dizer que a maior parte destas mulheres corre o risco de sofrer de cancro do colo do útero, uma vez que só numa minoria é que a infecção evolui para doença, esclarece Carlos Oliveira, coordenador clínico do estudo e presidente da SPG. A nível mundial, as estimativas indicam que há cerca de 300 milhões de mulheres infectadas com HPV e meio milhão têm cancro do colo do útero.

Efectuada em parceria com o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge e patrocinada pelo laboratório que em Portugal fornece a vacina contra o HPV dada pelo Estado às adolescentes (ver caixa), a investigação permitiu ainda perceber que o subtipo do HPV mais perigoso (por conduzir ao cancro do colo do útero) é o mais frequente - 14,8 por cento das mulheres estavam infectadas. E cerca de um terço apresentava infecções por mais de um subtipo do HPV (que provoca também condilomas e verrugas).

A prevalência da infecção agora encontrada no país é semelhante à de Espanha e da Dinamarca, ainda que seja superior à média europeia, destaca Carlos Oliveira.

À medida que a idade aumenta, a taxa de infecção encontrada no estudo diminuiu para 10 por cento (entre os 40 e os 49 anos). As mulheres mais jovens têm, com maior frequência, "mais do que um parceiro sexual", explica o médico.

"Quanto mais velha, menor o risco de infecção, mas uma mulher pode ser reinfectada ao longo da sua vida", esclarece Carlos Oliveira, que acentua a importância do rastreio do cancro do colo do útero, mesmo nas mulheres vacinadas contra o HPV.

O estudo decorreu entre Fevereiro de 2008 e Março de 2009 e envolveu 2326 mulheres distribuídas pelas cinco regiões de saúde do continente.

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