Será hoje que o "período de graça" da ministra Isabel Alçada chega ao fim?
Não há posições definitivas, está tudo em aberto - asseguraram, ao fim do dia de ontem, em declarações ao PÚBLICO, Mário Nogueira, líder da Federação Nacional de Professores (Fenprof), e João Dias da Silva, dirigente da Federação Nacional de Sindicatos da Educação (FNE). Tanto como pela prudência, as declarações eram motivadas pela incerteza em relação à postura que hoje será assumida pelo Ministério da Educação (ME).
Anteontem, quando receberam o documento a que o ME chamou "acordo de princípios", os sindicalistas reagiram com uma cautela que não era habitual no tempo de Maria de Lurdes Rodrigues. Mostraram decepção e reclamaram alterações à proposta, mas escusaram-se a fazer declarações menos pacificadoras, que inviabilizassem as negociações.
A questão é que o dia de ontem passou sem que houvesse progressos: às contrapropostas enviadas por ambas as organizações sindicais o ME não reagiu, formal ou informalmente. O que significa que, caso nada de relevante tenha acontecido durante a noite, os dirigentes da FNE, os primeiros com encontro marcado com representantes do ministério, sentar-se-ão à mesa de negociações, às 9h30, para uma suposta decisão final, sem qualquer indicação sobre a receptividade de Isabel Alçada em relação às reivindicações da organização.
Tanto João Dias da Silva como Mário Nogueira escusaram-se a dizer se encaravam a postura do ME como sendo de confronto, ou se ainda tinham expectativas em relação à negociação. E ambos frisaram que, na altura, mantinham em aberto as possibilidades de acordo, desacordo e, eventualmente, pedido de negociação suplementar.
Já os representantes dos movimentos independentes de professores declararam-se convictos de que a "aparência de diálogo" acabou. "Caiu a máscara a Isabel Alçada e nem sei por que é que alguém se há-de espantar. Afinal, o chefe da orquestra é o mesmo, José Sócrates", comentou Ricardo Silva, da Associação de Professores e Educadores em Defesa do Ensino.
Tal como Ilídio Trindade, do Movimento de Mobilização e Unidade dos Professores, e Octávio Gonçalves, do Promova (Movimento de Valorização dos Professores), Ricardo Silva considera que aquilo que "Isabel Alçada fez passar para a opinião pública como sendo cedências" - "o fim da distinção entre professores e professores titulares e a criação de um novo modelo de avaliação" - "não o são, de facto". "Não há qualquer cedência, pelo contrário: o estrangulamento na progressão da carreira é ainda mais prejudicial e, na avaliação, mantém-se tudo o que de negativo existia no anterior modelo."
Do que acontecer hoje dependerá, na opinião dos dirigentes dos movimentos, a reacção dos professores, que "deram o benefício da dúvida a Isabel Alçada". "Quem anda nas escolas sabe que os professores se mantêm vigilantes e estão prontos para darem um sinal do seu descontentamento, se isso se revelar necessário", avisa Ilídio Trindade. Octávio Gonçalves reforça que, "se pensa que os professores estão adormecidos, a ministra terá uma enorme surpresa".
Notícia substituída às 10h26