EUA: Havia pistas sobre ataque desde Novembro
Amanhã devem ser apresentadas as conclusões preliminares do inquérito ordenado pelo Presidente dos EUA a esta “mistura de falhas humanas e sistémicas”, de consequências “potencialmente catastróficas”, como disse Obama no Havai. E o jornal on-line Politico.com adiantava já hoje alguns pontos dessas conclusões, onde consta o desacelerar das transferências dos 198 prisioneiros ainda em Guantánamo, em especial dos iemenitas — já que foi no Iémen que Mutallab recebeu treino e os explosivos que deveria ter feito deflagrar a bordo. E a Al-Qaeda na Península Arábica, instalada naquele país e que reivindicou o ataque, é dirigida por ex-prisioneiros de Guantánamo, libertados pela Administração Bush.
Hoje, os media americanos foram palco de uma troca de acusações e justificações das várias agências de recolha de informações de segurança. A CIA e o Centro Nacional de Contraterrorismo (NCTC, na sigla em inglês), criado por recomendação da comissão de investigação do 11 de Setembro, são os organismos mais visados.
“Soubemos da existência de Abdul Mutallab em Novembro, quando o pai dele veio à embaixada dos EUA na Nigéria, pedir ajuda para o encontrar”, disse o porta-voz da CIA George Little, citado pela ABC News. A agência ajudou a pôr o nome dele na base de dados de terroristas, incluindo as suas ligações no Iémen, disse Little, e enviou a informação ao NCTC.
Dennis Blair, o director nacional de informações de segurança, responsável pelo NCTC, divulgou uma nota, citada pelo Wall Street Journal, em que diz apenas ser claro “que existem falhas que devem ser corrigidas.”
O que parece resultar deste caso é que o Iémen surgirá cada vez mais como uma frente da luta contra o terrorismo americana.
O Iémen é já o segundo país que mais ajudas militares anti-terrorismo recebe dos EUA, disse um porta-voz do Pentágono, Bryan Whitman, citado pela Reuters: em 2006 recebeu apenas 4,6 milhões de doláres, e no presente ano fiscal 67 milhões, adiantou. Mas essa ajuda tem sido discreta, disse Whitman, para evitar uma reacção negativa contra o Governo iemenita. Para além da ameaça da Al-Qaeda, Sanaa enfrenta uma rebelião xiita no Norte do país e um forte sentimento separatista no sul — embora neste momento o Governo iemenita esteja a pedir abertamente o pedir apoio americano.