Aqui há uns anos inventou-se o termo "blues-punk" para caracterizar a música de Jon Spencer. Spencer era um rocker que fazia música punk, só que o seu punk soava quase a blues. Com Seasick Steve acontece o oposto: é um bluesman cuja música é tão crua e feita ao pontapé que soa a punk. O curioso é que gravou o primeiro disco quando já ia pelo menos nos 60 anos (não se sabe ao certo quando nasceu): foi amigo de Janis Joplin, vagabundo, teve todo o tipo de maus empregos, tocou músico com os maiores (mas só a brincar) e chegado a velho deitou cá para fora a sua música. E que bela música: uma guitarra acústica em slide electrificada, uma bateria, uma voz de gravilha e muito mau uísque e já está. Quase todas as canções são definidas por riffs bluesy em slide, quase todas têm aquele ritmo bum-tchica-bum sacado a Bo Didley (homenageado na primeira faixa) e chega-se a fazer - de forma absolutamente transviada - elipses à soul ("Never go west"). Há algo aqui de primitivo, de sujo, de bruto e tão pouco filtrado que só se pode bater palminhas e pedir mais.
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