Confrontos prosseguiram pela noite no Irão e autoridades falam em oito mortos
Este último balanço foi feito já esta manhã pela televisão pública iraniana anglófona Press TV. Citando informação divulgada pelo Conselho Supremo Nacional de Segurança, aquele canal de televisão fazia assim ascender a anterior contagem de cinco mortos admitidos na véspera pelas autoridades nos confrontos, os mais violentos desde a convulsão dos dias imediatos à recondução ao poder, em Junho, do Presidente ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad.
Um outro canal estatal falava em 15 mortes, sublinhava a BBC na sua edição online, com a polícia a recusar responsabilidades e a precisar tão só que três vítimas mortais decorreram de “acidentes” e uma quarta foi morta a tiro mas não pelas forças leais ao regime, nem por membros da tropa de elite dos Guardas da Revolução nem da milícia aliada dos bassijis.
Entre os mortos nos confrontos está o sobrinho do líder da oposição Mir-Hossein Mousavi, um dos candidatos moderados derrotados em Junho. O website do antigo primeiro-ministro denuncia que Seyed Ali Mousavi foi alvejado pelas costas quando as forças de segurança dispararam, ontem, contra os manifestantes.
O funeral, a decorrer hoje, deverá voltar a dar azo a novos protestos – apesar de as autoridades continuarem a reiterar que punirão de forma firme quaisquer “ajuntamentos ilegais”. Há já, de resto, relatos de distúrbios esta manhã junto ao hospital Ebn-e Sina, onde o corpo de Seyed Ali Mousavi se encontrava: "Um grupo de apoiantes de [Mir-Hossein ] Mousavi juntaram-se, para expressar as suas condolências, e a polícia disparou gás lacrimogéneo para os dispersar", era contado pelo site da oposição Norooz.
Pela noite dentro tinham já sido registadas diversas escaramuças em vários pontos da capital iraniana, com testemunhas a darem conta que a polícia usou gás lacrimogéneo para demover os manifestantes que, cada vez mais, intensificam os protestos numa contestação directa ao regime para lá da denúncia de resultados fraudulentos nas presidenciais de12 de Junho – a causa inicial das manifestações.
Outro site reformista, o Jaras, avançava esta manhã que tinha sido detidos três conselheiros de Mousavi, a somar a outros quatro políticos iranianos pró-reformas que a polícia prendera durante a noite.
Opositor de 78 anosO
site
moderado Rahesabz precisava por seu lado também já esta manhã que as autoridades detiveram durante a madrugada, “às três horas da manhã”, o líder do Movimento da Liberdade (MLI, da oposição liberal), Ebrahim Yazdi, em sua casa, levando-o para “local desconhecido”.
Yazdi, de 78 anos, já fora detido durante alguns dias no período turbulento que se seguiu à reeleição de Ahmadinejad e mergulhou o Irão na maior convulsão política e social das últimas três décadas.
Antigo ministro dos Negócios Estrangeiros no efémero primeiro Governo que se seguiu à Revolução islâmica de 1979, Yazdi – afastado do núcleo do poder quando a linha dura religiosa conquistou o controlo e que hoje não goza de grande apoio popular apesar de ser uma voz importante no país – deveria ter-se apresentado na semana passada no Ministério do Recenseamento, mas não respondeu a essa convocatória oficial.
Notícia actualizada às 11h10