Bombista do voo para Detroit acusado de dois crimes puníveis com 20 anos cada

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A segurança foi agora reforçada em todos os aeroportos Akintunde Akinleye/Reuters

Abdulmutallab, de 23 anos, permanece hospitalizado, em Ann Arbor, devido às queimaduras sofridas nas pernas quando procurou accionar um engenho explosivo e foi imediatamente controlado por outros passageiros e pela tripulação do aparelho.

As notícias existentes são de que reconheceu ter ligações com a rede terrorista al-Qaeda e de que a própria família alertara há alguns meses tanto as autoridades nigerianas como a embaixada dos Estados Unidos para o percurso radical que estava a seguir.

O suspeito contou alegadamente a agentes do FBI que recebeu treino e materiais explosivos de terroristas ligados à Al-Qaeda que vivem no Iémen, o que as autoridades procuram agora verificar se corresponderá à realidade.

O Iémen tem reputação de ser um paraíso para terroristas desde que no ano 2000 ali se verificou o ataque suicida ao navio de guerra norte-americano USS Cole, tendo morrido 17 marinheiros.

A polícia do Reino Unido tem vindo a proceder a investigações sobre o assunto, designadamente no apartamento familiar que ele habitou em Londres quando lá esteve até ao ano passado a estudar engenharia no University College.

As autoridades norte-americanas contam que Abdulmutallab tinha um engenho ligado ao corpo, aparentemente a uma das pernas, quando entrou no avião em Amesterdão, aonde chegara em trânsito a partir da cidade nigeriana de Lagos. O artefacto continha PETN, ou seja pentraerythritol, o mesmo composto orgânico de plástico utilizado em Dezembro de 2001 por Richard C. reid quando tentou destruir um avião ao fazer accionar uma bomba de fabrico rudimentar que tinha num dos sapatos.

A segurança foi agora reforçada em todos os aeroportos europeus, para quem se dirija aos Estados Unidos, tendo as aerogares britânicas avisado os passageiros de que não se poderão levantar dos seus lugares durante a última hora de voo.

O homem agora detido estava mencionado numa base de dados sobre pessoas suspeitas de terrorismo, depois de o pai, o banqueiro nigeriano Umaru Abdul Mutallab, o ter denunciado. Mesmo assim não fora impedido de viajar para a América “devido à insuficiência da informação existente a seu respeito”.

Em Junho de 2008 a embaixada norte-americana em Londres dera-lhe um visto de turismo válido por dois anos e ele já o utilizara por duas vezes para se deslocar aos Estados Unidos, foi agora anunciado.

O caso reactivou o debate partidário em Washington sobre se a Administração Obama está ou não a fazer o suficiente para evitar ataques terroristas, depois do tiroteio do mês passado em Fort Hood, no Texas, e de outros incidentes.

Os democratas tanto na Câmara dos Representantes como no Senado prometeram para Janeiro audições sobre todos os aspectos deste caso, incluindo a pouca atenção que se teria dado ao aviso feito à embaixada norte-americana em Abuja pelo pai de Abdulmutallab.

O Presidente Barack Obama, de férias no Hawai, tem vindo a ser regularmente informado sobre o que se está a passar e consta que pretende que se apure se houve ou não laxismo de diferentes entidades quanto aos sinais existentes de que se estaria perante um indivíduo perigoso.

As acusações ontem feitas num tribunal do Michigan - tentativa de destruir um avião e colocação de engenho destrutivo num avião - acarretam cada uma delas uma pena até 20 anos de prisão.

Quando lhe perguntaram, numa audiência em que apareceu em cadeira de rodas e com roupas hospitalares, se compreendia as acusações, respondeu positivamente. E à pergunta de um agente federal sobre o seu estado respondeu: “Sinto-me melhor”.

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