Arquitectura: Carlos de Almeida morreu em Coimbra aos 89 anos

Um amigo de Carlos de Almeida disse à agência Lusa que o arquitecto, de 89 anos, estava há alguns dias hospitalizado, tendo falecido na manhã de sábado.

“Carlos de Almeida é uma grande figura da arquitectura moderna de Coimbra e do país”, declarou à agência Lusa José António Bandeirinha, professor de Arquitectura e pró-reitor da Cultura da Universidade de Coimbra.

Carlos Eugénio José Baptista de Almeida integrou o movimento da arquitectura moderna e foi discípulo do arquitecto Nadir Afonso, com quem partilhou o atelier em Coimbra.

“Viveu a profissão com um sentido ético e político muito forte”, acrescentou António Bandeirinha, realçando que Carlos de Almeida procurava na arquitectura “uma ordem de equilíbrio social” contrária à do Estado Novo.

Em Coimbra, projectou o novo complexo do Teatro Avenida e vários edifícios na zona da Solum, incluindo o Centro Comercial Girassolum.

É autor dos livros “A Cidade e o Homem” (1966), “A Urbanização Fascista e os Trabalhadores” (1974), “Portugal, Arquitectura e Sociedade” (1978), “Postais do Zé Serrano” (1991), “Cronicon Conimbrigense” (1991) e “Nos Cárceres do Fascismo” (1974), entre outras obras.

Carlos de Almeida participou nas eleições de 1961, como candidato da Oposição Democrática em Coimbra, e foi depois preso pela PIDE, travando amizade nas cadeias da ditadura com o então jovem músico José Mário Branco.

Em 1979, na Lousã, foi um dos fundadores da cooperativa editora e cultural Trevim.

O corpo encontra-se em câmara ardente na capela de Nossa Senhora da Esperança, em Santa Clara (Coimbra), realizando-se o funeral às 14h30 para o cemitério de Cabanas de Viriato, concelho de Carregal do Sal.