Em 21 anos de carreira a solo, Morrissey editou oito discos de originais e mais de uma dezena de "best-of"s de todo o tipo: compilações de singles do ano A ao ano B, do ano A ao C, do ano B ao C, do ano A ao Z, das canções publicadas pela editora X e das editadas pela Y, das suas canções preferidas quando usa cuecas azuis, ou das que lhe dão vontade de comer carne, ou, ou, ou.
Resumindo: por muito talento que tenha, comercialmente Morrissey é um vendedor da banha da cobra. Agora a desculpa para mais um "best-of" é a reunião dos lados B dos singles dos últimos três LP ("You Are the Quarry", 2004, "Ringleader of the Tormentors", 2006, e "Years of Refusal", 2009), o que resulta num amontoado de riffs obtusos ("If you don't like me, don't look at me", "I knew I was next"), maus plágios aos Smiths ("Good looking man about town"), péssimos refrões ("Don't make fun of daddy's voice") ou em pura e lamentável masturbação de castrati ("Sweetie-pie"). Musicalmente, e com a excepção de "The never-played symphonies", "Shame is the name" e da lindíssima "Christian Dior" (cordas e afectação gay sincera que comovem o heterossexual bem apessoado mais insuspeito, como aliás se comprova por este parêntesis), isto é quase sempre lixo e não há boas letras que lhe valham.