Paulo Rangel quer PSD a fazer um discurso de ruptura

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O eurodeputado aponta estratégias, mas diz não querer entrar na corrida à liderança Paulo Pimenta (arquivo)

Paulo Rangel apresentou-se ontem à noite como um “exilado em Bruxelas e Estrasburgo” e fez um autêntico discurso de candidato a líder. O eurodeputado laranja diz que mantém os planos de continuar na Europa, mas esse estatuto de “exilado”, confessou, não o impede de fazer um discurso sobre o futuro do partido “em liberdade”, “sem amarras e sem concessões”.

E em que defendeu uma ruptura no PSD - uma estratégia que contraria, em toda a linha, a tese do ex-presidente Marcelo Rebelo de Sousa de que o partido precisava de unidade para a liderança que vier substituir a de Manuela Ferreira Leite em 2010. Ele próprio teve a sua candidatura em “ponderação”, mas a falta de unidade fê-lo, por enquanto, recuar.

“A prioridade não é a unidade”, afirmou o líder parlamentar do PSD até Julho num colóquio sobre os novos tempos e novos desafios organizado pelo Instituto Sá Carneiro, num hotel de Lisboa. A prioridade deve ser, garantiu, “a clareza”, “a radicalidade” e a “disponibilidade para fazer a ruptura”.

O PSD não pode ser “hoje o partido do Estado, nem o partido do mercado”. “O PSD tem que ser o partido da sociedade”, disse.

Numa sala cheia de militantes e muitos dirigentes, entre eles a líder do partido, Manuela Ferreira Leite, o eurodeputado traçou uma estratégia para o partido embora, no final, tenha repetido que não pretende ser candidato à sucessão de Ferreira Leite. “Mantenho tudo o que disse”, afirmou aos jornalistas. E o que disse Rangel? Numa entrevista à RTP há mais de um mês afirmou que não seria candidato e apontou Marcelo como alternativa.

Diplomaticamente, Rangel demarcou-se de algumas das estratégias seguidas pelo partido, actualmente e no passado. Só poupou Ferreira Leite. Confessou a sua discordância quanto a Marques Mendes relativamente ao Pacto da Justiça, assinado com José Sócrates. Mais recentemente, discorda da estratégia da bancada que já chefiou quanto à avaliação dos professores e à “luz verde” dada pelo PSD. O mais importante é a avaliação dos alunos, afirmou.

E nesta espécie de moção também não faltou Belém e Cavaco Silva. Paulo Rangel – com o à vontade de ter apoiado Cavaco – afirmou que o Presidente poderia ser mais interventivo na Justiça. Para tentar ajudar a ultrapassar “a crise institucional” em que o país vive. Não, não se referia a qualquer caso concreto nem ao processo Face Oculta. Aliás, no final da reunião o eurodeputado sugeriu que se reforçassem os poderes do Presidente da República na área da Justiça. E, apesar de não dar muitos detalhes, admitiu que o Chefe do Estado pudesse, por exemplo, presidir ao Conselho Superior da Magistratura ou nomear alguns juízes para tribunais superiores.

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