Casa da Prelada entra em obras e acolhe centro cultural em 2010
"Foi uma novela que chegou ao fim", resumiu este responsável, segundo o qual se consumiram sete anos a "dar resposta às burocracias da câmara e do Igespar [Instituto de Gestão do Património Arquitectónico]". Durante este período, o imóvel classificado esteve a degradar-se e apresenta hoje um aspecto próximo da ruína, apesar da operação de desmatamento e desinfestação entretanto levada a cabo na área exterior, onde existiu um labirinto vegetal, em bucho, frequentemente referido como "o maior da Península Ibérica".
As primeiras obras, relativas à requalificação dos espaços exteriores, já foram postas a concurso e deverão avançar no início do próximo ano. "Assim que tenhamos o projecto definitivo para o edifício, abrimos também o concurso e começamos as obras", adiantou o padre Américo Aguiar, segundo o qual a criação do Centro Cultural D. Francisco de Noronha e Menezes poderá ainda vir a ser comparticipada por verbas do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN), tendo já sido apresentada uma candidatura para o efeito.
O equipamento vai acolher a biblioteca e o arquivo histórico da Santa Casa da Misericórdia do Porto, proprietária do imóvel desde 1904. Trata-se, segundo o padre Américo Aguiar, de um espólio "valiosíssimo", que reúne cinco séculos de documentação actualmente dispersa por vários locais. O espaço, cuja requalificação obedecerá a um projecto do arquitecto António Barbosa, deverá ainda contar com uma área para conferências e o restauro do interior será assegurado pela Crere, a empresa que já devolveu o antigo esplendor a espaços como o Palácio do Freixo e o Paço Episcopal do Porto, ambos projectados também por Nicolau Nasoni, e o Palácio da Bolsa.
Com uma área superior a dezoito mil metros quadrados, a Casa da Prelada e os jardins adjacentes fazem parte de uma grande quinta, dividida desde a construção da Via de Cintura Interna.
Prevê-se que, no futuro, os espaços voltem a funcionar de modo articulado graças a um túnel pedestre sob a VCI, que nunca foi utilizado, mas que está construído desde que a rodovia foi criada.
Desenhado por Nasoni e construído durante o século XVIII, o palacete pertenceu a D. António de Mesquita e Melo e à sua esposa, D. Isabel de Noronha e Meneses, irmã de D. Manuel, arcediago do Porto, tendo sido doado pela família Noronha de Meneses à Misericórdia do Porto no início do século XX. Funcionou, até 2003, como lar de idosos, estando devoluta desde então e entregue a cães de guarda.