Bispo de Guarda diz que o Governo está a "a tapar o sol com a peneira"

“Nós precisávamos de um Governo que não tapasse o 'sol com a peneira', mas que enfrentasse os problemas e que os resolvesse”, disse hoje D. Manuel da Rocha Felício à Lusa, à margem conferência de imprensa onde fez a leitura da mensagem de Natal “…E Deus entrou na cidade”.

O prelado, que é também presidente da Doutrina da Fé e Ecumenismo, deu o exemplo da situação económica em que o país se encontra, referindo que “ainda na semana passada, vozes autorizadas vieram dizer que o nosso défice externo vai em 110 por cento”.

“O que significa que nós, se andássemos um ano inteiro a trabalhar, sem comer ponta de alimento e apertando o cinto, não pagávamos a dívida externa”, acrescentou.

“Assim como os senhores da ecologia que estão reunidos em Copenhaga tinham obrigação de encarar os problemas e de não os encobrir, também o nosso Governo devia olhar para os problemas, considerá-los devidamente e debruçar-se sobre eles, reunindo o maior consenso possível e não fugir às questões, porque isto parece ser fugir às questões”, referiu.

O bispo da Guarda também disse esperar “que o debate público nacional que ainda se vai fazer” em torno do assunto “seja a oportunidade para as pessoas tomarem consciência dos valores que estão em jogo”.

O Governo aprovou hoje alterações ao Código Civil que permitem o casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas que excluem “clara e explicitamente” a possibilidade das mesmas se reflectirem em matéria de adopção.

Para D. Manuel da Rocha Felício este “é o primeiro passo, ainda há muitos outros passos a dar antes que esta realidade se torne lei”.

“Eu espero que nos passos que a seguir se vão dar impere o bom senso e demos às coisas o estatuto que elas têm, não queiramos extrapolar as situações que envolvem situações diferentes do casamento”.

Em sua opinião, “o casamento é o casamento e outras coisas são outras coisas”, salientando que “a instituição familiar não é uma instituição qualquer”.

Disse que a família “garante a estabilidade e o futuro da própria humanidade". "Não podemos andar a agredir, de forma acintosa, como uma atitude destas parece fazer, instituições tão condicionantes da nossa vida em sociedade”.