Wavves, coisas boas do tédio

Foto
Nathan Williams, o rapaz Wavves, vem à Zdb e traz os Teengirl Fantasy debaixo do braço

Ninguém saberá muito bem explicar como é que Nathan Williams, o rapaz Wavves, de um momento para o outro saltou para a primeira liga indie. Mas, em 2009, coisas destas já não deviam surpreender. E o melhor que temos a fazer é deixar-nos contagiar.

"Contagiar" porque essa é a melhor forma de entrar na música de Wavves. Não inventa nada, mas cativa pela forma descomprometida como se lança a bons velhos conhecidos (o punk, o som carcomido das guitarras, com o "fuzz" como camada extra de significado em cima de acordes e melodias simples, o tédio como rastilho criativo). "Wavvves", o álbum que lançou este ano, situa-se na linha que une punk, ruído e pop, os Nirvana, os Wipers e os Beach Boys - "So Bored", entre os Ramones e a memória etilizada da história dos concertos punk em caves duvidosas, é um dos hinos rock'n'roll de 2009.

"Wavvves" e "Wavves" (o antecessor, com um "v" a menos no título, lançado quatro meses antes) elevaram Williams da condição de músico de quarto, aborrecido com a vida, a estrela de uma pequena multidão. E já há sucessor no prelo, gravado com o baterista Zach Hill, ainda sem data de edição. O concerto de amanhã na ZDB acontece depois de o músico ter cancelado a presença no mesmo espaço em Maio, por motivos de saúde - Hill não vem porque partiu a mão.

Na primeira parte estarão os Teengirl Fantasy (que também actuam hoje, no Plano B, no Porto, à meia-noite). O duo lembra vagamente os Lucky Dragons (pelo prazer em brincar com os sons e os "loops") num contexto mais dado ao ritmo e à pop. Logan Takahashi e Nick Weiss fazem música dançante e sonhadora (apresentam-se algures entre a música cósmica dos Harmonia e o R&B de CeCe Peniston - é uma piada, mas até faz sentido), que recorre a "samples", teclados e ritmos básicos, e que tem impressionado publicações e blogues atentos às novidades.

Sugerir correcção
Comentar