Jogadores da Eritreia escondidos no Quénia

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Doze dos 25 jogadores da comitiva da Eritreia não regressaram a casa DR

Numa entrevista à Reuters em Outubro passado, o Presidente da Eritreia, Isaias Afewerki, cujo regime aboliu a imprensa livre, a oposição política e a liberdade religiosa, justificou a fuga de milhares de pessoas do seu país de forma simples: "Foram fazer um piquenique." Apesar de a sua população ser apenas de cinco milhões, aquele país do Corno de África tem dos mais altos números de refugiados para uma região que não está em guerra e é o segundo no mundo a procurar asilo político. Ontem, foram mais 12 a fugir à ditadura de Asmara.

Pertencentes ao plantel da selecção de futebol da Eritreia, os jogadores desapareceram no Quénia, depois de terem participado no Torneio das Nações Africanas do Este e Central (CECAFA). Após a derrota por 4-0 frente à Tanzânia, nos quartos-de-final, os atletas fugiram.

Nicholas Musonye, secretário-geral do CECAFA, contou que o guia destinado àquela selecção deu conta do desaparecimento de 12 dos 25 futebolistas da Eritreia. "Esperou por eles em vão no aeroporto no sábado quando estava previsto que eles regressassem a casa", assinalou. Não houve ainda nenhuma confirmação oficial da parte do governo de Asmara, que quotidianamente nega a fuga de pessoas do país, mas Musonye acrescentou que o presidente da federação de futebol da Eritreia, Tesfaye Gebreyessus, já tinha confirmado que os jogadores não haviam voltado a casa com o resto da delegação. "Pensamos que estão escondidos nalgum lugar com a intenção de partir para mais longe ou até de permanecerem [em Nairobi]. Alertámos as autoridades para que nos ajudem a encontrá-los", disse Musonye.

Esta não é a primeira vez que estrelas do desporto da Eritreia pedem asilo no estrangeiro, isto apesar de a política do governo obrigar os atletas a deixar no país cerca de 6000 dólares americanos cada vez que viajam para fora. Em 2006, quatro jogadores do Estrela Vermelha desapareceram em Nairobi depois de disputarem um jogo de qualificação para a Liga dos Campeões Africana.

Como é difícil conseguir passaportes, muitos jovens colocam as suas vidas em risco e tentam fugir a pé até ao Sudão ou Etiópia. O presidente Isaias Afewerki costuma castigar as famílias dos fugitivos com prisão ou multas altas. As Nações Unidas estimam que dezenas de milhares tenham fugido da Eritreia em 2009 e analistas dizem que o serviço nacional obrigatório fechou as portas a uma geração inteira de jovens.

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