Tony Blair: fosse como fosse, Saddam Hussein teria de ser derrubado
Foi a "noção de que ele era uma ameaça para a região" que o inclinou a favor da invasão do Iraque, em 2003, disse Blair à entrevistadora Fern Britton, em considerações que tanto a própria BBC como a demais comunicação social do Reino Unido já hoje adiantam.
Se não fossem as pretensas armas de destruição em massa, teria sido necessário "recorrer a outros argumentos", disse candidamente o ex-primeiro-ministro, que no início de 2010 terá de responder num inquérito sobre os motivos que levaram a Grã-Bretanha a alinhar com os Estados Unidos na invasão do Iraque.
Em Setembro de 2002, o Governo britânico publicou um dossier que continha as "provas", agora completamente desacreditadas, de que o país de Saddam possuía armas de destruição em massa, prontas a serem utilizadas 45 minutos depois de uma pretensa ordem presidencial.
O antigo chefe de uma comissão dos serviços secretos, "sir" John Scarlett, declarou esta semana no inquérito sobre o assunto que nunca houve uma intenção deliberada de "manipular a linguagem" quando se falou as perigosas armas que o regime de Bagdad deteria. "De qualquer modo, teria pensado que era justo afastá-lo. Obviamente que teria sido necessário usar outros argumentos, quanto à natureza da ameaça", afirmou agora muito claramente Tonny Blair. E insistiu: "Não creio que estaríamos melhor com ele e os seus dois filhos no comando".
Apesar de tudo, porém, diz que compreende as pessoas que se opuseram a esta guerra por "razões perfeitamente boas e que continuam a ser contra ela".
Quando insistiram com ele para que dissesse se tinha sido a ideia de Saddam possuir armas de destruição em massa que o inclinaram a favor da invasão, o ex-primeiro-ministro explicou que tinha sido "a noção de que ele era uma ameaça para a região, ameaça da qual o desenvolvimento de tais armas constituía obviamente um dos aspectos".
O antigo líder liberal democrata, "sir" Menzies Campbell, comentou que Blair nunca teria obtido apoio do Governo nem do Parlamento para fazer a guerra ao Iraque se nessa altura se tivesse explicado tão bem como o está a fazer agora.