Tuvalu suspende conferência climática durante algumas horas

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Limitar o aumento da temperatura a dois graus não é suficiente para o Tuvalu Reuters

O Tuvalu é um país pequeno - nove atóis de coral no Pacífico e onze mil habitantes - mas a sua voz ouve-se sempre nas conferências climáticas da ONU. Hoje teve um momento de protagonismo suplementar: suspendeu a sessão oficial da cimeira de Copenhaga durante algumas horas.

Durante a manhã, a sessão plenária foi suspensa devido a questões legais sobre a discussão de um protocolo legalmente vinculativo que o Tuvalu propunha para aprovação.

Abrindo um precedente no grupo dos países em desenvolvimento, um representante do Tuvalu defendeu, também, que as economias emergentes, como a China, Índia e Brasil, possam também ter de participar no esforço para a redução de emissões a curto prazo. “O esforço continuará a pesar maioritariamente sobre os países desenvolvidos, mas também, em parte, às economias em desenvolvimento”, disse à agência AFP Taukiei Kitara, membro da delegação do Tuvalu.

A discussão sobre a forma legal de discutir a proposta do Tuvalu levou à suspensão da sessão plenária até ao princípio da tarde.

Tuvalu e a Aliança dos 42 Estados Insulares (AOSIS) militam para limitar o aumento das temperaturas do planeta a 1,5 graus, quando a maioria dos países defende os 2 graus. Para as pequenas nações, este valor implicará serem destruídos pela subida das águas.

"Com um aumento de 0,8 graus num século, o aeroporto de Tuvalu já ficou inundado na maré alta", explica Alex Binger, conselheiro científico de Grenada. "Esta história dos 2 graus causará muito sofrimento a muitas pessoas".

"Mas no seio do G77 há países que não apoiam os nossos 1,5 graus, como o Brasil, a China, a Índia ou a África do Sul. São países em desenvolvimento mas com economias e recursos diferentes", salientou.

Questionado sobre a proposta de Tuvalu, o embaixador do Brasil para o clima, Sérgio Serra, reconheceu que as suas preocupações são "legítimas". "Mas não vamos aceitar obrigações de redução de emissões para países como o nosso", preveniu.

Hoje, a presidente da conferência, a ministra dinamarquesa Connie Hedegaard, anunciou que a sua equipa foi encarregada de "reflectir" sobre o assunto.

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