Balsemão: país vive "santa e militante ignorância" sobre actualidade internacional

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"É reduzido o relevo concedido pelos media, opinion-makers e Parlamento em relação às políticas externa portuguesa e internacional", frisou Balsemão Ricardo Jorge Carvalho

Balsemão falava ontem à noite em Lisboa na apresentação de "Visão Global", livro de José Cutileiro e Ricardo Alexandre, que considerou um contributo na "luta contra a santa e militante ignorância [em Portugal] do que se passa no mundo".

"É reduzido o relevo concedido pelos media, 'opinion-makers' e Parlamento em relação às políticas externa portuguesa e internacional", frisou.

Esta ignorância, ressalvou, não é um exclusivo da sociedade portuguesa contemporânea, tendo sido até caricaturada por Eça de Queirós em obras do século XIX, nem um fenómeno unicamente português.

"Uma certa visão paroquial sobrepôs-se, até pela nossa pequenez, ao nosso entendimento sobre a realidade de grande parte do mundo", disse o presidente do grupo Impresa.

Mesmo no tempo da ditadura, a visão que havia do mundo era limitada, até porque a censura fazia com que da União Soviética "não se pudesse dizer bem" e de Espanha, mais próxima ideologicamente, "não se pudesse dizer mal".

O co-autor Ricardo Alexandre, que já há quatro anos faz parceria com o embaixador José Cutileiro no programa de rádio "Visão Global" (RDP), de que resulta o livro hoje apresentado, assume o objectivo de "dar mais mundo ao país".

"Numa altura em que sabemos que a actualidade internacional não é o que mais faz correr as pessoas, [é importante] da parte da RDP haver um programa com estas características", que recorre não só à entrevista e à análise mas também à reportagem no estrangeiro, afirmou.

Para José Cutileiro, a preocupação do livro é "tentar explicar às pessoas problemas importantes da vida internacional sem ter de recorrer ao calão profissional e de ter grandes conhecimentos históricos e sociológicos".

"Tocamos em vários aspectos de política internacional, como as relações entre Europa e os Estados Unidos, as questões do ambiente, política africana. São coisas relativamente simples, na maioria, a questão é saber contá-las", disse à Lusa o diplomata.