Guiné Conacri: Líder da junta militar ferido em ataque de soldado

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Uma equipa de investigadores das Nações Unidas está a terminar um inquérito às mortes que ocorreram a 28 de Setembro Saliou Samb/Reuters

As autoridades apressaram-se a revelar que Moussa Dadis Câmara, o qual chegou ao poder num golpe pacífico logo após a morte do Presidente Lansana Conte, ficou apenas “ligeiramente ferido”. “Felizmente não corre perigo de vida”, precisou um dos responsáveis da junta a garantir ainda, em declarações à televisão estatal, que “o Governo tem a situação sob controlo”, pouco após o incidente que ocorreu já bem tarde na noite de ontem.

A mesma fonte identificou o atacante de Dadis Camara como tendo sido o antigo ajudante de campo do líder da junta, o tenente Aboucar “Toumba” Diakite, que é acusado por grupos de defesa dos direitos humanos como um dos líderes dos massacres que ocorreram no país em Setembro passado – e pelos quais a junta militar pode vir a ser julgada pela justiça internacional.

Uma equipa de investigadores das Nações Unidas está a terminar um inquérito às mortes que ocorreram a 28 de Setembro quando as forças de segurança se lançaram contra manifestantes pró-democracia, estimando-se que ali tenham morrido mais de 150 pessoas e dezenas de mulheres sido violadas nas ruas.

“Aquilo que temos vindo a ouvir é já tinham detido ou iam deter ‘Toumba’ quando ele alvejou Dadis. Não há dúvida nenhuma que [o ataque] está ligado à investigação”, avaliou um diplomata, citado sob anonimato pela agência noticiosa britânica Reuters. Esta mesma fonte considerou ainda que o líder da junta militar – o qual prometera identificar e castigar os responsáveis pela repressão à manifestação anti-regime – estava a tentar implicar “Toumba” nas mortes de forma a afastar qualquer suspeita sobre si próprio.

Habitantes da capital, Conacri, relataram à Reuters que foram ouvidos tiros em vários pontos da cidade pela altura em que ocorreu o ataque contra Dadis Camara, mas que a calma regressou pouco depois às ruas. Um contingente militar foi mobilizado para reforçar a segurança, ficando o país sob estado de alerta reforçado, com várias dezenas de soldados a vigiarem as principais ruas de Conacri e outros pontos estratégicos.

O ministro das Comunicações, Idrissa Cherif, revelou que o chefe da junta militar foi levado para um local em Conacri onde é garantida a sua segurança. E avançou: “Aqueles que orquestraram esta rebelião vão ser castigados”.

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