Ferreira Leite quer que escutas com Sócrates sejam públicas
Manuela Ferreira Leite respondeu assim à suspeita lançada ontem pelo PS de que já conhecia o teor das escutas ao primeiro-ministro antes mesmo de ter havido qualquer notícia sobre essas escutas.
No final de um debate sobre os 35 anos do PSD, promovido pelo Instituto Francisco Sá Carneiro, em Lisboa, Manuela Ferreira Leite foi questionada sobre a acusação do PS de que teve acesso prévio ao teor dessas escutas. “O problema que está em causa não tem a ver com o acesso às escutas - tem exactamente a ver com o facto de o povo português não conhecer o conteúdo das escutas”, respondeu a presidente do PSD.
Referindo-se à intervenção que fez a 11 de Novembro no Parlamento, exigindo que o primeiro-ministro esclarecesse o conteúdo das escutas de conversas suas que motivaram certidões judiciais, Ferreira Leite declarou: “O que foi dito na Assembleia é que o primeiro-ministro está sob suspeita e essa suspeita é lançada por entidades judiciais”.
“E ele, ao não desfazer essa suspeita, significa que temos um primeiro-ministro sob suspeita, o que não é bom para o país”, rematou a presidente do PSD, escusando-se a prestar mais declarações.
Quarta-feira, na Comissão de Assuntos Constitucionais do Parlamento, o deputado do PS Ricardo Rodrigues sustentou que “dirigentes políticos, como Manuela Ferreira Leite, usaram no seu argumentário político declarações que dão a entender que há três meses a presidente do PSD tinha conhecimento das escutas” ao primeiro-ministro.
Ricardo Rodrigues questionou o facto de, em Junho, a presidente do PSD ter acusado o primeiro-ministro de mentir sobre o caso TVI, considerando que “é caso para se ficar muito admirado”. “Como sabe ela que o primeiro-ministro estava a mentir [sobre o caso TVI]? Três meses depois percebi que esse era um facto das alegadas escutas”, observou o deputado e vice-presidente do grupo parlamentar do PS.