Desemprego já ultrapassou barreira dos 10 por cento

Os dados divulgados ontem não constituem uma surpresa, já que o próprio Instituto Nacional de Estatística (INE) tinha dado conta que o desemprego atingira os 9,8 por cento ou os 547 mil desempregados no terceiro trimestre. E o Instituto do Emprego e Formação Profissional também já havia divulgado que no final de Outubro havia mais de 517 mil desempregados.

Os dados do Eurostat destacam-se, no entanto, dos restantes porque mostram que a taxa de desemprego em Portugal continua a bater recordes. Por um lado, atingiu os 10,2 por cento em Outubro, mas a barreira dos dois dígitos já tinha sido ultrapassada em Setembro uma vez que este valor foi agora revisto para 10,1 por cento. Ao mesmo tempo, o órgão estatístico da UE revela que o desemprego em Portugal é, agora, o mais alto desde 1983, ano a partir do qual publica estas estatísticas. E, analisando a taxa de desemprego desde essa data, é possível verificar que ao longo dos últimos 26 anos apenas entre Outubro de 1984 e Maio de 1986 a taxa de desemprego ultrapassou os nove por cento.

Os dados do Eurostat permitem ainda verificar que desde 1995, ano em que há dados agregados para o conjunto dos países da zona euro, apenas entre Novembro de 2006 e Setembro de 2008 é que Portugal apresentou uma taxa de desemprego superior à média do euro. Agora, esta realidade volta a ser sentida. Por último, com os dados de Outubro, Portugal passa a ser o quarto país da zona euro com a taxa de desemprego mais elevada sendo apenas ultrapassado por Espanha, Irlanda e Eslováquia, respectivamente com taxas de desemprego de 19,3 por cento; 12,8; e 12,2 por cento.

Subida sem fim à vista

Na origem deste cenário negro está a actual crise internacional que atirou a generalidade dos países ocidentais para recessões profundas a que Portugal também não escapou.

Com a recuperação económica a iniciar-se poder-se-ia esperar que o desemprego também começasse a dar sinais de travagem, mas não é o que está a acontecer. Por um lado, porque há sempre um período de tempo entre a recuperação da economia e os seus efeitos sobre a criação de emprego. Mas a falta de sinais da melhoria resulta essencialmente do facto de a recuperação económica que se faz sentir ser ainda extremamente débil.

Os últimos dados disponíveis mostram que no terceiro trimestre de 2009 a economia portuguesa terá crescido 0,9 por cento face ao trimestre anterior, mas este crescimento ainda representa uma queda de 2,4 por cento em relação ao terceiro trimestre de 2008. Assim, na hipótese de se cumprirem a generalidade das previsões para Portugal, a economia em 2009 deverá registar um recuo em redor dos três por cento e mesmo em 2010 o crescimento que é antecipado não chegará a um por cento. Em ambos os casos, trata-se de valores que não permitirão ganhos ao nível do emprego.

Mas este não é um cenário exclusivo da economia nacional. Os dados do Eurostat mostram que na zona euro o desemprego voltou a subir, atingindo em Outubro os 9,8 por cento. Um valor que constitui uma estagnação face ao mês anterior (também revisto em alta), mas que é o mais elevado dos últimos 11 anos.

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