Retirada do Afeganistão vai ser discutida numa conferência internacional 28 de Janeiro

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Foi iniciada uma campanha para persuadir “combatentes e comandantes taliban” a entregar as armas em troca de empregos Bruno Domingos/REUTERS

O plano de retirada das tropas estrangeiras no Afeganistão começará a ser definido numa conferência internacional, no dia 28 de Janeiro, em Londres, revelou o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, numa cimeira da Commonwealth, em Port of Spain, Trindade e Tobago.

“O Presidente [afegão Hamid] Karzai tem de aceitar que haverá decisões importantes pelas quais ele será julgado, e ele tem de se conformar com as condições que vão ser fixadas pela comunidade internacional”, frisou Brown.

“Nos próximos seis meses, vamos querer um plano claro para o treino de polícias, e isso significa que a corrupção detectada na polícia está a ser eliminada, e queremos uma força policial que colabore com a comunidade internacional e não que esteja contra ela”, frisou Brown, dirigindo-se a Karzai num tom invulgarmente duro. O exército afegão, acrescentou, tem de mobilizar 50 mil soldados até ao próximo ano, e a transferência de controlo para as autoridades de Cabul, distrito a distrito, deve começar já em 2010, com a entrega de “pelo menos cinco províncias”, até ao final do próximo ano.

A Grã-Bretanha já se comprometeu em enviar mais 5000 militares para o Afeganistão, elevando o seu contingente para 9500. Espera-se que o Presidente Barack Obama anuncie também, na terça-feira, o envio de mais 30 mil soldados americanos. Brown exprimiu a esperança de que outros países da NATO ofereçam mais 5000 soldados até à conferência de Londres.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que ontem acompanhava Brown, adiantou que a conferência de Londres será seguida de outra reunião na capital afegã.

O jornal New York Times (NYT) noticiou, entretanto, o início de uma campanha para persuadir “legiões de combatentes e comandantes taliban” a entregar as armas em troca de empregos financiados pelos governos afegão e norte-americano.

“O.K., eu quero que vocês convençam os taliban a sentar-se e a conversar”, disse Gul Agha Shirzai, governador de Nangarhar, a um grupo de 25 líderes tribais de quatro províncias orientais reunidos numa sala, em Jalalabad. “Façam o que tiverem de fazer — têm o meu apoio.”

“Ao envolver os líderes tribais na selecção de projectos de desenvolvimento, os EUA esperam consolidar o governo afegão e as redes tribais pashtun” — a principal etnia dos taliban, observou o NYT.

O Afeganistão, arruinado por 30 anos de guerra, tem uma longa história de combatentes que mudam de campo — por vezes mais do que uma vez, observou o jornal. Os esforços para persuadir os taliban a deixar de lutar não têm sido, porém, um grande sucesso. Até agora, só 9000 insurrectos entregaram as armas e aceitaram a Constituição afegã, admite Muhammad Akram Khapalwak, administrador principal da Comissão de Paz e Reconciliação, em Cabul.

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