Tentaram ser herdeiros do Prémio Fotojornalismo Visão, que este ano não se realizou, mas acabam por se afirmar independentemente disso. Os primeiros prémios Estação Imagem/Mora, coordenados pelo fotojornalista Luís Vasconcelos, realizam-se já em 2010 e envolvem uma bolsa para projectos sobre o Alentejo. A presidente do júri, que será totalmente internacional, é Ayperi Karabuda Ecer, vice-presidente do departamento de Fotografia da Reuters. E que presidirá, em 2010, também ao júri do World Press Photo.
"Estamos no centro de Portugal", situa-se Luís Vasconcelos ao telefone a partir do Alentejo, falando da Estação Imagem, a associação cultural que nasceu este ano e que já produziu um livro, Lugares Alentejanos, cuja exposição está sexta-feira em Évora e em Março no Porto. E "os fotojornalistas portugueses não têm nenhuma estrutura com a qual se identifiquem", prossegue o mentor da Estação Imagem, editor de fotografia da revista Visão durante uma década.
Vasconcelos diz que sentiu "os fotógrafos de imprensa agitados e tristes" pela ausência de um prémio e pôs a Estação Imagem a mexer. Conseguiu o apoio da Câmara de Mora, que assegura os prémios, também abertos a jornalistas dos países de língua oficial portuguesa, para os próximos cinco anos, e a criação de uma entidade premiadora alternativa - se os Prémios Visão regressarem, os fotojornalistas podem concorrer a ambos.
Já com a RTP como parceira, mas à procura de mais parceiros, Luís Vasconcelos precisa que se trata de "prémios de reportagem", género "que está a desaparecer dos órgãos de informação portugueses", esperando que sejam "incentivos" para a aposta no jornalismo de terreno. Além do grande prémio Estação Imagem/Mora, no valor de 7500 euros, existem seis categorias fixas de prémios (Vida Quotidiana, Notícias, Arte e Espectáculos, Acção no Desporto, Retrato, Ambiente) de 2500 euros de valor pecuniário, mas também categorias flutuantes - em 2010, há uma categoria aberta com o tema "2009, Ano de Eleições", marcado pelos três momentos eleitorais do ano. Em 2011, o Prémio Estação Imagem/Mora deve abrir-se também aos vídeos de três minutos nas mesmas seis categorias fixas.
Todos os anos será entregue uma bolsa "a um fotojornalista para desenvolver um projecto no Alentejo", explica Luís Vasconcelos. A avaliação dos candidatos far-se-á pelos seus portfólios e pelo texto de apresentação do projecto. Além da bolsa, de 5000 euros, a Estação Imagem compromete-se a publicar esse projecto em livro e a expô-lo no ano seguinte na estação ferroviária que, em 2010, entra em obras para criar o espaço definitivo da associação, desenhado pelo arquitecto Duarte Ramirez. As candidaturas devem ser feitas no futurosite da Estação Imagem.
Os prémios surgem no âmbito de uma "luta contra a desertificação" e contra a dupla macrocefalia que faz com que tudo só pareça acontecer em Lisboa ou no Porto, mas também da constatação de que "o Fluviário [de Mora, visitado por mais de 200 mil pessoas no último ano e meio] traz imensa gente que é público potencial para nós", explica Vasconcelos.
O Prémio Fotojornalismo Visão, o maior do sector em Portugal, também com um júri internacional, realizava-se desde 2001 com patrocínio privado. Este ano, por falta de patrocínio, a organização decretou uma pausa. O P2 tentou saber se o prémio volta em 2010, mas não obteve resposta até ao fecho desta edição.