Metade dos infectados com gripe A são crianças e jovens em idade escolar

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Na última semana contabilizada acorreram aos serviços de saúde 7110 doentes com sintomas gripais, independentemente dos vírus em causa Miguel Madeira

Tal como se previa, a epidemia de gripe A está a começar nas escolas", constata o especialista em saúde pública da Direcção-Geral de Saúde (DGS), Mário Carreira. O Ministério da Saúde contabilizou na semana passada focos de infecção em 60 escolas, mais 53 do que na semana anterior. Houve mais 2378 pessoas observadas nos serviços de saúde, "neste momento metade são crianças e jovens até aos 20 anos".

Além dos casos registados em 15 escolas do concelho de Valença - ontem faltaram às aulas 200 alunos, em vez dos 400 de segunda-feira -, a Administração Regional de Saúde do Norte deu conta de novos focos em duas escolas do Porto, uma da Trofa e outra de Valpaços. Na semana de 19 a 25 de Outubro tinham sido afectadas apenas sete escolas, número que subiu para 60 de 26 a 1 de Novembro.

A Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação disse ontem que a maioria das escolas não está a cumprir o plano de contingência da gripe A, devido à falta de pessoal para as limpezas exigidas, de sabão e papeleiras nas casas de banho. "As escolas não têm meios para aplicar os planos", criticou o seu vice-presidente, Joaquim Ribeiro, à agência Lusa.

Na última semana contabilizada acorreram aos serviços de saúde 7110 doentes com sintomas gripais, independentemente dos vírus em causa - o número mais alto desde que são feitas estas contabilizações semanais. Em Setembro andava-se pelos dois mil casos.

"Estamos a entrar em fase epidémica", nota Mário Carreira. Apesar de o Ministério da Saúde já não fazer a distinção entre os vários vírus na origem da gripe, Mário Carreira explica que a maior parte das verdadeiras gripes são causadas pelo vírus H1N1, uma vez que "não se regista praticamente nenhuma circulação de vírus da gripe sazonal". Na semana de 19 a 25 de Outubro estavam internados 47 doentes por complicações associadas à gripe, quatro em unidades de cuidados intensivos, números que agora subiram para 63 pessoas hospitalizadas com nove a precisar de cuidados intensivos. O especialista nota que está a haver um aumento da procura dos serviços mas que ainda há capacidade de resposta.

António Diniz, pneumologista no Centro Hospitalar Lisboa Norte (que inclui o Santa Maria e Pulido Valente), considera: "Ainda nem começámos a época da gripe sazonal e já estamos com casos e afluência a serviços de saúde a níveis de picos de gripe sazonal". O médico e consultor da DGS para a gripe A diz que "é importante apelar à tranquilidade", mas sublinha que "esta não é uma gripe banal". "Não estou habituado a ter pessoas de 30 a 40 anos internadas com gripe".

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