Dalila Rodrigues contradiz a versão de que teria sido contratada provisoriamente

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Dalila Rodrigues assumiu funções há cerca de um ano MIGUEL MADEIRA

Há duas semanas, a directora da Casa das Histórias, o museu da pintora Paula Rego, foi informada de que, "por unanimidade", continuaria no cargo. Depois tudo mudou

A historiadora de arte Dalila Rodrigues deu ontem uma versão oposta sobre o seu afastamento súbito da direcção do novo museu de Paula Rego, dizendo num comunicado que ainda há apenas duas semanas foi informada que, "por unanimidade", continuaria a ser directora da Casa das Histórias - Paula Rego.

No sábado, a vereadora da Cultura de Cascais, e vice-presidente do conselho de administração da Fundação Paula Rego, disse que as funções de Dalila Rodrigues eram "provisórias". "Não posso deixar de manifestar repúdio pela forma como este processo foi conduzido", respondeu ontem Dalila Rodrigues no comunicado, explicando que há duas semanas ficaram apenas por "resolver alguns aspectos operacionais".

Por isso, a historiadora ficou surpreendida quando, a 29 de Outubro, numa segunda reunião, lhe foi comunicado que afinal o seu nome não reunia consenso por não haver "afinidade" com o seu projecto.

A preocupação da ainda directora vai agora para a equipa que, de modo "tão profissional e empenhado", realizou consigo o projecto, diz Dalila Rodrigues no comunicado enviado de Nova Iorque, onde está numas férias já programadas.

Tanto a historiadora como a sua equipa foram contratadas por uma empresa municipal, a E.T.E., Turismo do Estoril, EM SA, enquanto se esperava a criação da Fundação Paula Rego. Quando os estatutos da Fundação Paula Rego foram finalmente publicados, a 4 de Setembro, Dalila Rodrigues recebeu um e-mail do conselho de administração da Fundação Paula Rego e dar-lhe "um voto de louvor". O e-mail era dirigido a si e à sua equipa, pelo trabalho realizado, acompanhado da indicação de que estava a ser elaborado um "pacote adequado" aos estatutos da Fundação e pedindo-lhes para serem pacientes.

A ex-directora do Museu Nacional de Arte Antiga foi convidada pela pintora Paula Rego e pelo presidente da Câmara Municipal de Cascais para dirigir o projecto Casa das Histórias - Paula Rego e assumiu funções em Outubro de 2008. "A concepção do projecto, que inclui a constituição da equipa, foi da minha inteira responsabilidade, sempre em articulação e com a aprovação de Paula Rego", afirma. O PÚBLICO tentou ontem contactar Paula Rego, que vive em Londres, mas a pintora não esteve disponível. Também as perguntas que foram enviadas à vereadora da Cultura de Cascais e vice-presidente do conselho de administração da Fundação Paula Rego, Ana Clara Justino, presente nas duas reuniões a que Dalila Rodrigues se refere, não obtiveram resposta. Tanto a vereadora como o presidente da Câmara de Cascais, António Capucho, escusam-se a fazer declarações antes da publicação do comunicado que o conselho de administração da Fundação deverá emitir em breve.

"A Câmara Municipal de Cascais disponibilizou os meios necessários, tendo apoiado e acompanhado as várias fases do projecto. Assim, todos os aspectos relativos à colecção, exposição temporária, serviço educativo, serviço de edições, comunicação ou mesmo os relativos ao conceito da loja, cafetaria ou fardamentos, foram realizados por mim e pela equipa que a Câmara Municipal de Cascais, por minha indicação, foi contratando", explicava ainda Dalila Rodrigues.

Seguindo o que está definido nos estatutos da Fundação Paula Rego publicados em Diário da República para a constituição, a directora propôs ao conselho de administração o plano museológico, o plano anual de actividades e ideias para a promoção nacional e internacional das obras da fundação.

Aqui poderá estar um dos motivos da cisão, por os planos das duas partes terem ambições diferentes.

O PÚBLICO não conseguiu ontem confirmar qual o montante com que a Câmara Municipal de Cascais está a pensar financiar a Fundação, mas não seria suficiente para que - sem a ajuda de outros meios - se conseguisse concretizar o projecto de Dalila Rodrigues e da sua equipa.

Na base da marcação da segunda reunião estaria também uma divergência em relação a vencimentos de coordenadores.

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