Tribunal francês mandou suspender processo contra presidentes africanos

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O ex-Presidente Chirac com o líder do Burkina Faso, Campaore, do Gabão, Omar Bongo, do Camarão, Paul Biya, e do Congo, Denis Sassou-N'Guesso Eric Gaillard/Reuters

Um tribunal francês de recurso mandou hoje suspender um inquérito judicial às residências e aos carros de luxo que têm em França os presidentes de três países africanos produtores de petróleo: o Gabão, a República do Congo e a Guiné Equatorial.

Foi um golpe naqueles que combatem a corrupção, escreveu a Reuters, ao noticiar a suspensão do processo que figuras da sociedade civil francesa intentaram às famílias de Omar Bongo (entretanto falecido e substituído por seu filho Ali Bongo), Denis Sassou-Nguesso e Teodoro Obiang Nguema Mbasogo.

Os activistas pretendiam saber como é que os três presidentes e as suas famílias conseguiram juntar bens no valor de milhões de euros. Mas o tribunal entendeu que eles não têm o direito de se apresentar como queixosos em relação ao que fazem alguns chefes de Estado estrangeiros.

"Os que em França e em África organizam e se aproveitam do saque do dinheiro público africano vão celebrar com champanhe" a decisão dos magistrados, comentou William Bourdon, advogado do grupo Transparency International, que está na origem deste processo.

Em Maio principiara a investigação à forma como os Bongos e as famílias presidenciais do Congo (Brazzaville) e da Guiné Equatorial teriam desviado fundos públicos, mas de imediato a Procuradoria-Geral da República recorreu para o tribunal que acaba agora de se pronunciar, pretendendo aparentemente salvar as relações políticas entre a França e uma grande parte de África.

A Transparency International pensa agora avançar para o Supremo, que não examinaria a substância do caso mas sim se a decisão anunciada hoje se encontra de acordo com a lei.

Os advogados de Teodoro Obiang Nguema Mbasogo já se regozijaram com a decisão anunciada em Paris, onde a polícia identificara oito carros de luxo e um apartamento em nome de um filho do Presidente, Teodorin.

Quanto à família Bongo, tem 39 propriedades em solo francês, na sua maior parte nos bairros mais ricos de Paris e na Riviera.

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